05/07/2016

O palacete romântico de belle époque, será um polo cultural da Firjan

Um dos donos da Companhia Docas de Santos, Eduardo Palasim Guinle morreu em 1912 e deixou para seus herdeiros uma fortuna estimada em R$ 40 bilhões, incluindo diversos imóveis. Uma de suas filhas, Celina herdou o palacete que hoje é conhecido como Linneo de Paula Machado, na esquina das ruas Dona Mariana e São Clemente, em Botafogo.
— Celina estava para se casar com o empresário paulista Linneo de Paula Machado. Entre o noivado e o casamento, de 1910 a 1913, a família construiu o palacete, mais uma representação histórica dos Guinle no Rio, que tinham uma grande cultura de palácios e muito bom gosto — conta o historiador e museólogo Cau Barata.
Celina e Linneo tiveram quatro filhos. Um deles, Francisco Eduardo de Paula Machado, foi o último ocupante da casa até morrer, em 2005. Desde então, o palacete estava abandonado. Em 2012, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) comprou o imóvel e, no ano passado, começou o processo de restauração para transformá-lo na Casa Firjan da Indústria Criativa, um polo de produção cultural, previsto para ser inaugurado no segundo semestre de 2017.
— A casa será um epicentro de pensamento. Vamos trabalhar temas relevantes para a indústria e a sociedade, em palestras e seminários abertos ao público. Também estamos construindo um prédio de três andares, para aulas de temas como audiovisual, design gráfico e moda — explica Gabriel Pinto, gerente do programa de indústria criativa da Firjan.
O terreno, de 10.631 metros quadrados, ainda abriga duas casas geminadas, que também estão sendo reformadas e serão transformadas, junto com o jardim, em espaços para exposições.
— Escolhemos essa casa porque ela está intimamente ligada à história da indústria. Foi onde morou Guilherme Guinle, um dos maiores industriais do Rio. Ele foi responsável, por exemplo, pela construção da Companhia Siderúrgica Nacional, fez investimentos na exploração de petróleo. Se queremos trabalhar o futuro da indústria, temos que fazê-lo a partir do passado — afirma Gabriel.
Concurso para escolha de projeto
O novo prédio, anexo ao casarão, com fachada e estrutura modernas, está sendo construído pelo escritório Lompreta Nolte, dos arquitetos André Lompreta e Thorsten Nolte. A dupla venceu um concurso nacional para a escolha do projeto, realizado pela Firjan, que buscava uma proposta que mantivesse a harmonia com um bem tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). Com dois andares, o casarão projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire tem detalhes em pierre de taille (argamassa pigmentada que imita pedra) e paredes em boiserie (revestimento em madeira que imita moldura).
— O que chama a atenção no casarão são as suas características afrancesadas, a qualidade do material empregado (as escadarias são em mármore de Carrara e as portas são de peroba-do-campo, por exemplo). É um palacete romântico de belle époque — comenta Washington Fajardo, presidente do IRPH.

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