Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com
monges do Tibete, da Mongólia, do Japão
monges do Tibete, da Mongólia, do Japão
e da China. Eram omens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento o aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos,
geralmente comendo mais do que deviam.
geralmente comendo mais do que deviam.
Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente.
Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz
felicidade?'
Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente
infantilizados.
A palavra hoje é 'entretenimento' ; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da
tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!'
Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz
felicidade?'
Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente
infantilizados.
A palavra hoje é 'entretenimento' ; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da
tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!'
O problema é que, em geral, não se chega! Quem
cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba
precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto
é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis:
cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba
precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto
é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis:
amizades, auto-estima, ausência de stresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo
pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca:
Há uma lógica religiosa no consumismo
pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca:
não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do
gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa,
com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc
Donald's...
Costumo advertir os balconistas que me
cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um
passeio socrático.' Diante de seus olhares espantados,
explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava
de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Qu vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que
não preciso para ser feliz !"
Entra-se naqueles claustros ao som do
gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa,
com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc
Donald's...
Costumo advertir os balconistas que me
cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um
passeio socrático.' Diante de seus olhares espantados,
explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava
de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Qu vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que
não preciso para ser feliz !"
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