03/12/2010

Perguntar não ofende....

1 - Foram presas 123 pessoas. Só naquela estrada que ligava a Vila
Cruzeiro ao Complexo do Alemão havia muito mais gente em fuga.
Cadê os outros?

2 - Aqueles cavalheiros de bermuda, sem camisa, descalços, que
moram no meio da favela, são os donos do tráfico que movimenta
milhões de reais por dia?

3 - A Polícia se mostrou surpresa com uma boa casa, com piscina,
no Alemão. Ninguém sabia da casa? Os helicópteros da Polícia não
a fotografaram?

4 - Os traficantes ficaram sem ponto e sem estoque. Mas os
consumidores querem comprar. Quem os abastece? Quem
os protege da crise de abstinência?

5 - Quem trabalhava no tráfico vai viver do que? Há planos
de emprego?

6 - Se alguém tiver síndrome de abstinência, pode mudar de
droga (cola, por exemplo), pode ficar violento. Quem não
tiver emprego terá de arranjar dinheiro de algum jeito.
É complicado, mas há alguém do Governo pensando nisso?

7 - Segundo a Polícia, os operários encarregados das obras do
PAC no Complexo do Alemão foram obrigados pelos traficantes
a construir um túnel que servisse como rota de fuga. Se o Complexo
do Alemão era território ocupado (tanto que as autoridades anunciaram
que retornara ao controle do Estado brasileiro), como explicar investimentos
numa área que não era nossa? Os operários, pagos pelo Governo mas
pressionados pelos traficantes, poderiam rejeitar suas ordens?

8 - O traficante Zeu, um dos assassinos do jornalista Tim Lopes, teve
autorização para sair da cadeia e foi para o morro. Quem foi o juiz
que deu a ordem?

Assassino, traficante, livre

Zeu é o apelido de Eliseu Felício de Souza, preso e condenado pelo
assassínio de Tim Lopes. Cumprido um sexto da pena, em 2007, recebeu
da Justiça o direito de cumprir pena em regime semi-aberto - só dormiria
na cadeia. Não voltou mais, claro. Há uns três ou quatro meses, foi visto
vendendo drogas tranquilamente, de dia, ao lado de um canteiro de obras
da Prefeitura, ali na favela. Por algum motivo, não fugiu com os outros, e
foi preso. Até quando ficará preso?

A inflação vira pó

Depois das duas invasões no Rio, o preço da cocaína subiu 50% em
São Paulo e 70% no Rio, segundo fontes que têm acesso a informações
policiais. Subiu também o aluguel de armas.

A guerra paulista

E, caro leitor, não pense que a guerra se restringe ao Rio. A Polícia paulista
encontrou 400 quilos de dinamite armazenados pertinho do presídio de
Franco da Rocha. Tudo indica que o objetivo fosse derrubar os muros
do presídio.

Viaje e seja assaltado

Atenção para a Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte:
os assaltos se sucedem nos pontos (inúmeros) de congestionamento. Até aí,
tudo normal, num país que aceita que partes de seu território sejam controladas
por bandos armados durante dezenas de anos. O problema é que, há alguns dias,
diversos proprietários de veículos assaltados pediram ajuda ao telefone 190, mas
foram informados de que, como a Fernão Dias é federal, só a Polícia Rodoviária
Federal poderia atendê-los. Poderia; mas informaram que não havia viaturas nem
soldados suficientes para as ocorrências. E onde estavam os policiais? A menos
de mil metros, em seu posto. Os assaltos ocorrem bem pertinho de São Paulo.

Estatizando a saúde

O novo secretário da Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri, era até agora
conselheiro do DASA - Diagnósticos da América, multinacional que controla,
entre outros, os laboratórios Delboni-Auriemo, Lavoisier, CientificaLab, Lamina
e muitos outros em vários pontos do país, e presta serviços ao Governo.

Fonte: Carlos Brickmann

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