28/03/2013

Agora está explicado… ... .

Durante séculos, os manuais de dança e outros escritos têm elogiado os benefícios da dança, do ponto de vista da saúde, como exercício físico. Mais recentemente, têm sido pesquisados os benefícios adicionais da dança para a saúde, tais como redução do estresse e aumento do nível de serotonina, com a sua sensação de bem-estar.

Outro benefício que se tem falado: a prática frequente da dança nos torna mais inteligentes. Um estudo mais aprofundado adicionou à crescente evidência que a mente estimulada pode afastar a doença de Alzheimer e outras demências, tanto quanto o exercício físico pode manter o corpo em forma. Dançar também aumenta a acuidade cognitiva em todas as idades.

Você deve ter ouvido falar sobre o artigo do New England Journal of Medicine dos efeitos de atividades recreativas sobre a acuidade mental no envelhecimento. Aqui está, em poucas palavras.

Os 21 anos de estudo com pessoas de 75 anos ou mais foi liderado pelo Albert Einstein College of Medicine, em Nova Iorque, financiado pelo National Institute on Aging e publicado no New England Journal of Medicine. O seu método para a medição objetiva da acuidade mental no envelhecimento foi monitorar as taxas de demência, incluindo a doença de Alzheimer.

O objetivo do estudo era saber se todas as atividades recreativas físicas ou cognitivas poderiam influenciar a acuidade mental. Eles descobriram que algumas atividades tiveram um efeito benéfico significativo e outras não.

Foram estudadas atividades cognitivas, tais como ler livros, escrever por prazer, fazer palavras cruzadas, jogar cartas e tocar instrumentos musicais. E estudaram atividades físicas como jogar tênis ou golfe, natação, ciclismo, dançar, andar e fazer trabalhos domésticos.

Uma das surpresas do estudo foi que quase nenhuma das atividades físicas apresentou proteção contra a demência. Pode haver benefícios cardiovasculares – obviamente - mas o foco deste estudo foi a mente. Houve uma exceção importante: a única atividade física que ofereceu proteção contra a demência foi dançar com frequência.

Leitura - 35% de redução do risco de demência
Bicicleta e natação - 0%
Fazer palavras cruzadas - 47%
Jogar golfe - 0%
Dançar com frequência - 76%. Essa foi a maior redução de risco de qualquer atividade cognitiva ou física estudada.

Citando o médico Joseph Coyle, psiquiatra da Harvard Medical School, que fez um comentário: "O córtex cerebral e o hipocampo, que são fundamentais para essas atividades, são muito plásticos, e religam-se com base em sua utilização".

A partir do estudo em si, o doutor Katzman deduziu que estas pessoas são mais resistentes aos efeitos da demência como resultado de uma maior reserva cognitiva e complexidade elevada das sinapses neuronais. Como a educação, a participação em algumas atividades de lazer diminui o risco de demência, dado o aumento da reserva cognitiva.

Nosso cérebro constantemente reestrutura suas vias neurais, conforme necessário. Se não for necessário, não o faz.

Envelhecimento e memória

Quando as células cerebrais morrem e as sinapses enfraquecem com a idade, os nomes das coisas se perdem primeiro, como nomes de pessoas, porque só há uma via neural conectada ao armazenamento destas informações. Se esta conexão única com os nomes se desvanece, perdemos o acesso a eles. Então, à medida que envelhecemos, aprendemos um processo paralelo, como usar sinônimos, para transpor essas barreiras. (Ou talvez não aprendemos a fazer isso e acabamos por nos tornar uma lâmpada oscilante.)

A chave aqui é a ênfase do doutor Katzman sobre a complexidade de nossas sinapses neuronais. Quanto mais, melhor. Faça o que puder para criar novos caminhos neurais. O oposto disso é tomar os mesmos caminhos uma e outra vez, com padrões habituais de pensar e de viver nossas vidas.

Quando eu estava estudando o processo criativo como estudante de graduação em Stanford, deparei-me com a analogia perfeita para isso: quanto mais pedras estiverem disponíveis para cruzar o riacho, mais fácil é para atravessar com seu próprio estilo.

O foco do aforismo era o pensamento criativo, no intuito de encontrar quantos caminhos alternativos fossem possíveis para alcançar uma solução criativa. Mas, à medida que envelhecemos, o processamento paralelo torna-se mais crítico. Agora não é mais uma questão de estilo, é uma questão de sobrevivência - atravessar o riacho, seja como for. Células cerebrais morrendo aleatoriamente são como pedras no fundo do riacho sendo removidas uma a uma. Aqueles que tiveram apenas um caminho habitual sobre as pedras ficam completamente bloqueados quando algumas são removidas. Mas aqueles que passaram suas vidas tentando diferentes rotas mentais, criando uma infinidade de caminhos possíveis, ainda têm vários caminhos restantes.

O estudo do Albert Einstein College of Medicine mostra que precisamos manter ativos o maior número possível destes caminhos, ao mesmo tempo em que geramos outros, para manter a complexidade de nossas sinapses neuronais.


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