14/05/2013

Retirada preventiva da mama tem risco de complicações de até 20%.




A cirurgia de retirada dos dos seios da atriz Angelina Jolie em caráter preventivo é uma medida extrema, com riscos de complicações pós-cirúrgicas bem maiores que de uma prótese de silicone para aumento do seio. Os riscos para tal cirurgia devem ser muito bem calculados. 

Mesmo com a retirada da mama, ainda restam 5% de chances de desenvolver a doença. Marcelo Moreira, cirurgião plástico do Instituto Nacional do Câncer, alerta que os riscos de complicações em uma reconstrução total do seio são até 20 vezes maiores que o de um simples implante de silicone:

- Há o risco de contraturas, hematomas e resultados não satisfatórios, que devem ser levados em conta. A literatura científica diz que há complicações nos casos de reconstrução entre 15% e 20%. Na prótese simples, há tecido mamário antes do produto, o que não ocorre na reconstituição total, onde há praticamente pele e osso em volta da prótese.

Uma equipe com psicólogo, oncologista, cirurgião plástico e mastologistas deve auxiliar a paciente na tomada de decisão. Com a reconstrução mamária, os seios não ficam idênticos ao que eram antes. Segundo médicos, a operação da atriz só se aplica quando há uma predisposição genética bastante forte para o desenvolvimento do câncer de mama. 

Mônica Travassos, diretora da Sociedade Brasileira de Mastologia, explica que, no caso da Angelina, os fatores de risco correspondiam a esta decisão. A atriz tinha uma parente de primeiro grau que foi vítima precoce da doença, no caso, a mãe, morta aos 56 anos, e também carrega uma mutação no gene BRCA1, um importante marcador genético para o desenvolvimento da doença.

- Não podemos achar que a mastectomia preventiva é uma panaceia. Ela é indicada para os casos em que a mulher tem mãe, tia ou irmã vítima precoce de câncer, um sinal de que a doença não se desenvolveu como uma consequência do envelhecimento, mas por um fator hereditário. Mas não necessariamente as mulheres com este histórico precisam da cirurgia, outros fatores de risco devem ser levados em conta - diz a especialista.

O exame que Angelina fez em seu DNA indicou que o BRCA 1 correspondia 87% com o perfil do gene nos casos em que o câncer de mama se origina. Mônica alerta que mulheres com o histórico familiar de câncer antes dos 40 anos devem visitar o oncologista preventivamente e começar os exames de rastreamento pelo menos dez anos antes da idade em que a mãe, irmã ou tia desenvolveu o câncer. Angelina se submeteu a mastectomia aos 37 anos, 19 anos antes da idade de morte da mãe.

No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que em 2012 houve 52.680 casos de câncer de mama, sendo o mais incidente em mulheres. Além de maior incidência, tumores na mama lideram o ranking de óbitos entre as mulheres. Em 2010, foram 12.705 mortes. Estimativas do Inca apontam que, somente no estado do Rio, foram diagnosticados cerca de 8.140 novos casos de câncer de mama em 2012.

Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom.

No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de dez vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade de diversos continentes, segundo o Inca.

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