Num segundo momento ela será umas sete ou oito vezes mais interessante, sedutora e irresistível do que no primeiro. Ela perde o frescor juvenil, é verdade. Mas também o ar inseguro de quem ainda não sabe direito o que quer da vida, de si mesmo, de um homem.
Não sustenta mais aquele ar ingênuo, uma característica sexy da mulher de 20. Só que é compensado por outros atributos encantadores de que se reveste a mulher depois dos anos.
Como se conhece melhor, ela é muito mais autêntica, centrada, certeira no trato consigo mesma e com seu homem.
A idade faz a mulher tem uma relação mais saudável com o próprio corpo e com o seu cheiro cíclico. Não briga mais com nada disso. Na verdade, ela quer brigar o menos possível. Está interessada em absorver do mundo o que lhe parecer justo e útil, ignorando o que for feio e baixo-astral. Quer é ser feliz. Se o seu homem não gostar do jeito que ela é, que vá procurar outra. Ela só quer quem a mereça.
Sim, a mulher aprendeu a se vestir melhor com a passagem dos anos. Domina a arte de valorizar os pontos fortes e disfarçar o que não interessa mostrar. Sabe escolher sapatos, tecidos e decotes, maquiagem e corte de cabelo. Mas, sobretudo, gosta do melhor de si mesma. E tem gestos mais delicados e elegantes. Carrega um olhar muito mais matador quando interessa matar. E finge indiferença com mais competência quando interessa repelir. Ela não é mais bobinha. Mulher que é mulher se pudesse, não vestiria duas vezes a mesma roupa, nem acordaria dois dias seguidos com o mesmo humor. Mas, ela já sabe lidar com este aspecto peculiar da condição feminina. E poupa (exceto quando não quer) o seu homem desses altos e baixos hormonais que aos 20 a atingem e a quem mais estivesse por perto, irremediavelmente.
Aos 20, a mulher tem espinhas. Depois dos 50, tem pintas. Encantadoras pintas... Que só sabem mesmo onde termina, uns poucos e sortudos escolhidos. Sim, aos 20, a mulher é escolhida.
Depois dos 60, é ela quem escolhe. Não veste mais calcinhas que não lhe favorecem. Só usa lingeries com altíssimo poder de fogo. Também aprende a se perfumar na dose certa, com a fragrância exata. A mulher aos 20, cheira bem, mas as de mais idade dá gosto de olhar, captura os sentidos, provoca fome. Ela é mais natural, sábia e serena. Menos ansiosa menos estabanada. Até seus dentes parecem mais claros. Seus lábios, mais reluzentes. Sua saliva, mais potável. E o brilho da pele não é o da oleosidade dos 20 anos, mas pura luminosidade.
Aos 20 anos, ela rói unha. Depois, constrói para si mãos plásticas e perfeitas. Ainda desenvolve um toque ao mesmo tempo firme e suave. Ocorre algo parecido com os pés, que atingem uma exatidão estética insuperável. Acontece também alguma coisa com os cílios, o desenho das sobrancelhas. O jeito de olhar fica mais glamoroso, mais sexualmente arguto. Quando ousa no quer que seja, a mulher costuma acertar em cheio.
No jogo com os homens, já aprendeu a atuar no contra-ataque. Quando dá o bote, é pra liquidar a fatura. Ela sabe dominar seu parceiro sem que ele se sinta dominado. Mostra sua força na hora certa e de modo sutil. Não para exibir poder, mas para resolver tudo a seu favor, antes de chegar o ponto de precisar exibi-lo.
Consegue o que pretende sem confrontos inúteis. Sabiamente, goza de prerrogativas da condição feminina sem engolir sapos supostamente decorrentes do fato de ser mulher. Se você, mulher, anda preocupada porque não tem mais 20 anos, ou porque ainda não tem, mas percebeu que eles não vão durar para sempre, fique tranquila. É precisamente, dos anos, que o jogo começa a ficar bom!
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