06/02/2014

Ninguém fiscaliza BNDES.



Obras bancadas pelo BNDES no exterior não são fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal ou qualquer órgão de controle. É o caso do financiamento de US$ 684 milhões do Porto Muriel, em Cuba. A condição do BNDES sempre é a mesma, em países latino-americanos ou africanos: entregar a obra a empreiteira brasileira, cuja escolha não tem licitação, nem auditorias. Dilma ontem anunciou mais US$ 360 milhões para bancar o aeroporto de Havana. 

Último a saber 
      “Não há nem projeto”, diz o BNDES, surpreso com os US$ 360 milhões para Cuba. Mas já há empreiteira, que soprou o valor no ouvido certo. 

Bye, bye, Brasil 
      Só em 2012, US$ 2,17 bilhões do BNDES foram pagos a empreiteiras brasileiras no exterior. Em 2013, até setembro, foram US$ 1,37 bilhão. 

Secretos e suspeitos 
      Os contratos do BNDES no exterior são “secretos”: o teor dos contratos do porto de Mariel, por exemplo, somente será conhecido em 2027. 

Odebrecht é a que mais ganha 
      Em dez anos, cresceram 1185% os financiamentos do BNDES para empreiteiras brasileiras no exterior, escolhidas a dedo e isentas de fiscalização de órgãos de controle. Amiga do ex-presidente Lula, que utiliza seus jatinhos, a baiana Odebrecht faturou 26 dos 48 projetos de infraestrutura na América Latina até 2012. Somente em Angola, a empreiteira teve financiamento do BNDES para 35 grandes projetos. 

O nirvana 
      A ditadura cubana não viu a cor dos US$ 678 milhões (R$ 1,64 bilhões) do BNDES para o Porto de Marial. A grana foi direta para a Odebrecht. 

Tapa no visual 
      A aparência de Dilma na “escala técnica” de Lisboa chocou a imprensa local. Fotos do jornal Expresso (reproduzidas no diariodopoder.com.br), à saída do luxuoso restaurante “Eleven”, mostraram a presidenta com olho roxo e abatida, sugerindo no mínimo recentíssima cirurgia plástica. 

Mantra palaciano 
      Sem explicações sobre a viagem de Dilma, a assessoria da Palácio do Planalto tinha apenas uma irritada resposta para qualquer pergunta, da farra com dinheiro público: “parada técnica não prevista”. 

Já sabiam da parada 
      Tratada como segredo de Estado pelo Palácio do Planalto, a passagem da presidente Dilma Rousseff por Portugal já estava confirmada e foi comunicada ao governo local na quinta-feira, 23, o que contradiz o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, segundo quem a decisão de parar em Lisboa só foi tomada “no dia da partida” da Suíça, no sábado passado. 

Dilma tinha reservas 
      Desde quinta o diretor do cerimonial do governo de Portugal, embaixador Almeida Lima, estava escalado para recepcionar Dilma e sua comitiva no fim de semana. Joachim Koerper, chef do restaurante Eleven, onde Dilma jantou em Lisboa com ministros e assessores, recebeu pedidos de reserva na quinta-feira. 

Moda boa de pegar 
      Já que pagou do bolso o jantar em Lisboa, como disse, Dilma poderia aproveitar o embalo e também pagar a estadia da família na base naval de Aratu (BA), e o Airbus para visitar o neto em Porto Alegre. 

Por Cláudio Humberto Rosa e Silva

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