02/03/2014

Coltan é nova ameaça à Amazônia

A concorrência para a exploração de coltan, a mais recente ameaça ao bioma Amazônico.



Hoje, as empresas multinacionais estão competindo em silêncio, agarrando lugares estratégicos do planeta, com a bênção de alguns países que cederam parte da sua soberania a entidades externas, muitas vezes por razões "humanitárias", "ambientais" ou "indigenistas".

 

No Brasil, por exemplo, por várias décadas, a vasta fronteira com a Colômbia, Venezuela e Guiana foi oficialmente demarcada, a fim de reservá-la para alguns povos indígenas. Colonos brasileiros foram forçados a deixar suas terras e foram compensados, como no caso dos indígenas da área de Raposa Serra do Sol.

 

No entanto, de acordo com muitos brasileiros, entre os quais está o comandante militar da Amazônia, o verdadeiro propósito dessas fronteiras é outro: poder dispor de uma imensa porção de terra (mais de 300 mil quilômetros quadrados, quase completamente desabitados), permitindo a entidades externas (ONGs) entrar e realizar estudos específicos da biodiversidade, exploração mineral e exploração de recursos hídricos.

 

Enquanto o território brasileiro ao longo da fronteira está "blindado" e ninguém pode entrar sem autorização da Funai (Fundação Nacional do Índio), a Amazônia correspondente a Colômbia (além do departamento de Vichada, na Orinoquia) e a Venezuela tem sido por muitos anos a sede de grupos armados que ainda hoje controlam as drogas na área em questão.

 

Quando faz cinco anos, foi anunciada ao mundo a descoberta de uma grande jazida de coltan na Amazônia venezuelana, começou uma competição perigosa para garantir territórios amazônicos, geralmente, terras ancestrais para alguns grupos indígenas (como o Tukano).

 

Enquanto na Venezuela o governo tem militarizado a área, apenas para evitar o surgimento de grupos armados ilegais que poderiam controlar o comércio, na Colômbia, originou-se um fluxo de traficantes e especuladores nos departamentos de Vichada, Guainía e Vaupés, limitando com a área de indígenas do Alto Rio Negro, no Brasil.

 

O que é o coltan?

 

O coltan, um conjunto de columbita (nióbio) e tântalo, consiste em um mineral importante para a produção de dispositivos eletrônicos, como telefones celulares, computadores, televisores de plasma, videogames, players de mp3, mp4, GPS, satélites e sistemas eletrônicos para armas de elevada precisão, como as chamadas "bombas inteligentes". O tântalo é crítico porque é usado na construção e miniaturização dos condensadores eletrolíticos.

 

Na África, a concorrência para a apropriação de reservas estratégicas de coltan tem causado uma guerra em que, até agora, já morreram cinco milhões de pessoas.

 

O Congo tem oficialmente 60% das reservas mundiais de coltan, mas o minério é processado principalmente em Ruanda e Burundi, países que o exportam para o hemisfério norte.

 

Regiões de difíceis acesso na fronteira facilitam as ações de grupos criminosos.

 

Reservas na América do Sul

 

As reservas remanescentes de coltan estão localizadas em uma área estratégica entre o Brasil, Colômbia e Venezuela.

 

Comumente, na Colômbia, a autorização para extrair o minério deve ser da INGEOMINAS, mas em relação ao coltan, até agora, apenas cinco "direitos minerais" foram concedidos enquanto o restante da exploração parece ser ilegal.

 

A maioria dos comerciantes ilícitos do coltan é obrigada a pagar uma espécie de imposto (cerca de US$ 2,5 mil por tonelada) para os grupos armados ilegais que controlam o território, mas uma vez que o minério é transportado para Bogotá, cada tonelada pode custar até US$ 60 mil.

 

É uma grande preocupação o fato de que os departamentos de Vaupés e Guainía, à parte da lei, se tornem locais onde os traficantes de ouro e coltan trabalhem a vontade.

 

As áreas onde estes dois minerais são frequentemente localizados são lugares ancestrais para os indígenas Cubeos, Tukano e Puinaves e a indiscriminada exploração ilegal pode resultar em alta poluição de rios com mercúrio e cianeto, além da dissuasão dos usos e costumes dos povos indígenas. Alguns jornalistas da Colômbia relatam, de fato, que na capital do Guainía, Puerto Inirida, já ocorre casos de prostituição infantil e aumento da criminalidade.

 

Seria oportuno que a exploração das jazidas de coltan presentes no território colombiano fosse regida por regras precisas, mas, o afastamento do Guainía e Vaupés do centro da Colômbia e a absoluta falta de vias, aumentam a dificuldade para a implementação de controles rígidos.

 

Brasil e o coltan

 

Do outro lado da fronteira, no Brasil, está situada a enorme "Área Indígena Alto Rio Negro" (conhecida no Brasil como "Cabeça do Cachorro" por seu formato, que empreende uma área com aproximadamente 106 mil quilômetros quadrados), uma zona da Amazônia cortada pelo Rio Negro e um de seus afluentes, o Rio Vaupés. Lá, absolutamente fora de limites para os cidadãos brasileiros comuns ou dos estrangeiros, há depósitos significativos de ouro (Serrania del Taraira) e reservas consideráveis de coltan, como nas proximidades do Morro dos Seis Lagos.

 

De acordo com alguns jornalistas brasileiros, dentro da área indígena Alto Rio Negro ocorre a busca e exploração ilegal de coltan, entre outros minerais que estão sendo contrabandeados para a Colômbia, graças aos poucos controles ao longo da fronteira amazônica, que é muito extensa entre os dois países.

 

Também neste caso, seria apropriado ao governo brasileiro realizar inspeções rigorosas sobre as atividades que ocorrem dentro da área indígena em questão, para evitar que grupos de mineiros ilegais poluam o meio ambiente e venham alterar os costumes dos povos nativos.


As grandes minas de Coltan estão em Ruanda, Uganda e principalmente na República Democrática do Congo, que de democrática não tem nada. As minas estão numa região onde há guerras, pobreza e desgraça desde quando as potências imperialistas tocaram nos pés na região.

Uma fonte de riquezas que poderia mudar a vida das pessoas realmente fez mudar tudo por lá. Todos devem saber que onde há riqueza, desestruturação social, ruína econômica e instabilidades políticas há uma avalanche de graves problemas. No Congo não é diferente e lá a guerra não é contra as Máquinas, mas em favor delas, em nome do lucro privado e para a manutenção do status de muitos no “ocidente civilizado”.

As minas de Coltan, as mesmas que financiaram a Segunda Guerra do Congo que ocorreu até 2003, onde mais 4 milhões de pessoas morreram, hoje serve de campo de trabalho escravo, de muito trabalho infantil e de violentos conflitos em busca do controle das minas que tem um valor estratégico maior que do ouro e diamante.

Empresas como Intel, AMD, Motorola, HP, Dell, Sony, Lucent, Hitachi, Apple, Nokia e muito outras, compram o mineral da região congolesa. Nokia, inclusive, após o documentário dinamarquês “Sangue no celular” estrear em 2010, a empresa filandesa parceira da Microsoft tentou culpar seus fornecedores, fitando sua responsabilidade. A empresa, inclusive, não informa quais seus fornecedores em seu site oficial.

A falta de preocupação de empresas norte americanas e europeias com a humanidade ficou em um nível tão alarmantes que as críticas de alguns grupos de Direitos Humanos – que são chamados de chatos por muitos – estavam atrapalhando a imagem de dezenas de grupos corporativos. Intel, por exemplo, anunciou ano passado que Coltan, Tungstênio, Ouro e outros minerais que tem fornecedores nada éticos, iriam sair da linha de produção.

Apple falou a mesma coisa, na mesma época, mas seu iPhone 4S está cheio de Coltan, cheio de sangue, cheio de violência, de estupro, de humilhações, de homicídios em massa e baseado em trabalho infantil e escravo. Eles prometeram então que a empresa estaria livre de mineiras de sangue até 2013. Sera que vão cumprir?Isso eu duvido.


Homicídios, violência, estupros, escravidão, perda da dignidade humana é a base da tecnologia de hoje. Congo é só mais um exemplo de “os fins justificam os meios”.

Os fornecedores não ligam para as pessoas, mas apenas para o lucro; as empresas fabricantes fingem que não sabem de onde vem a matéria-prima, em nome dos constantes lucros; as pessoas não querem saber e não ligam de onde vem seus equipamentos, pois o status e o consumismo vem em primeiro lugar. O pior ainda acontece com quem liga, que nada pode fazer por culpa desse ciclo vicioso. Será que algum dia vamos poder comprar um equipamento eletrônico livre de mortes e atrocidades?Enquanto permanecermos anestesiados essa realidade não vai mudar.


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