27/05/2014

Rodoviários decidem por nova paralisação de 24 horas no Rio.



Após uma discussão que durou apenas três minutos, cerca de 150 rodoviários dissidentes do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Urbano (Sintraturb) decidiram, em uma assembleia na Candelária, no Centro, fazer uma nova paralisação de 24 horas, a partir do primeiro minuto desta quarta-feira. Depois da reunião, o grupo seguiu em passeata pela pista central da Avenida Presidente Vargas, sentido Praça da Bandeira. Na sexta-feira à tarde, eles farão nova assembleia. Se as reivindicações não forem atendidas, eles podem votar uma greve por tempo indeterminado a ser iniciada na segunda-feira que vem.
Alguns representantes dos rodoviários explicaram que a intenção da categoria era que a greve fosse por tempo indeterminado já a partir desta quarta-feira. No entanto, como Helio Alfredo Teodoro, um dos líderes do movimento, já teve que dar esclarecimentos à polícia e foi avisado do risco de prisão caso a greve cause transtornos violentos, os grevistas optaram por uma paralisação mais breve. Ainda segundo os rodoviários, motoristas e cobradores de Niterói, Caxias e Nova Iguaçu também cruzarão os braços por 24 horas nesta quarta-feira.
Pouco antes do início da votação, Hélio Teodoro, criticou o Sintraturb, dizendo que a categoria não abre mão de piso salarial de R$ 2.200, além de R$ 400 de vale-refeição.
— A categoria não quer greve, quer sentar e negociar. Mas até hoje o sindicato não nos procurou, mesmo com a suspensão da última paralisação. Não vamos abrir mão que o acordo seja feito antes da Copa. Quando a Copa começar, a gente sabe que não vai dar em nada — disse.
Hélio da Real, como é conhecido, disse ainda que, caso os patrões cortem o ponto dos grevistas, a medida só engrossaria o descontentamento da classe. Quanto à obrigatoriedade de os rodoviários manterem uma porcentagem mínima de coletivos durante a paralisação, Teodoro acrescentou que essa é uma responsabilidade exclusiva do Sintraturb.
— Se o sindicato não se sentar para conversar, terá que responder pela manutenção ou não do percentual mínimo.
Os profissionais começaram a se reunir pouco antes das 16h, mas a discussão só começou por volta das 18h, depois de um princípio de confusão entre o secretário do Sintraturb, Antônio Bustamante, e os dissidentes. Bustamante, que chegou à Candelária acompanhado de dois diretores do sindicato, disse que foi ao local se prontificar a atender os dissidentes, no sindicato, para iniciar um diálogo. Mas parte do grupo cercou os três, falando que eles só seriam ouvidos se fossem falar ao microfone. Imediatamente, algumas pessoas começaram a gritar "não nos representa" e a chamá-los de ladrões. Os três tiveram que sair do local escoltados por cerca de 30 policiais do Batalhão de Policiamento de Grandes Eventos (BPGE), que acompanhavam a assembleia.
— Vim no papel de convencer e conscientizar os rodoviários de que nenhuma decisão vai ser mudada — disse Bustamante.
A reunião começou com atraso de cerca de duas horas, porque os profissionais aguardavam chegada de uma das representantes do movimento, identificada apenas como Maura, que estaria reunida com o procurador João Carlos Teixeira, no Ministério Público do Trabalho (MPT). Segundo os rodoviários, o procurador estaria colhendo depoimento dela e de outras pessoas que fazem parte do movimento.
Neste mês, a greve da categoria causou transtorno aos cariocas três vezes. A última, por dois dias consecutivos. Centenas de ônibus foram depredados. Somente no dia 8, mais de 500 ônibus sofreram dano. Os efeitos da paralisação foram devastadores também para o comércio, que teve prejuízo de cerca de R$ 280 milhões, nada menos que 70% do faturamento diário do setor.
Transtornos em Niterói
Enquanto os dissidentes do sindicato dos rodoviários estavam reunidos na Candelária, cerca de 40 profissionais impediam que ônibus municipais e intermunicipais entrassem no Terminal Rodoviário João Goulart, no Centro de Niterói. Pelo terminal passam aproximadamente 300 mil pessoas por dia. Além de rodoviários, o grupo era formado por professores e metalúrgicos. A Polícia Militar foi acionada. A confusão provocou enormes filas nos pontos de embarque. O trânsito ficou complicado na Avenida Feliciano Sodré.

Nenhum comentário:

Postar um comentário