14/07/2014

Gás no Trato Digestivo. ( O que é Gastroparesia?)

O que é gás?
Todas as pessoas têm gás e eliminam-no por arrotos ou através do reto. Entretanto, muitas pessoas pensam que têm gás demais, quando realmente têm quantidades normais. A maioria das pessoas produz de ½ a 1 litro e meio de gás por dia, eliminando-o cerca de 14 vezes ao dia. 

O gás é feito primariamente com vapores inodoros - dióxido de carbono, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio e, algumas vezes, metano. O odor desagradável ou a flatulência vêm das bactérias do intestino grosso que liberam pequenas quantidades de gases que contém enxofre. 

Embora seja comum ter gás, ele pode ser desconfortável e embaraçoso. Entender as causas, maneiras para reduzir os sintomas e o tratamento ajuda a maioria das pessoas a encontrar alívio.

 
O que causa a Gás?
O gás no trato digestivo (isto é, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso) provém de duas fontes:

Ar deglutido
O ar deglutido (aerofagia) é uma causa comum de gás no estômago. Todo mundo engole pequenas quantidades de ar quando come ou bebe. Entretanto, se comer ou beber rapidamente, mascar chicletes, fumar ou usar dentaduras frouxas podem fazer que algumas pessoas deglutam maior quantidade de ar. 

O arroto é a maneira pela qual o ar engolido - que contém nitrogênio, oxigênio e dióxido de carbono - deixa o estômago. O restante do gás se move para o intestino delgado, onde é parcialmente absorvido. Uma pequena porção viaja até o intestino grosso e é liberado através do reto (o estômago também libera dióxido de carbono quando se mistura o ácido gástrico e bicarbonato, mas a maioria deste gás é absorvido para a circulação sanguínea e não entra no intestino grosso).

Digestão de Alimentos não Digeridos
O corpo não digere e absorve alguns carboidratos (o açúcar, amido e fibras encontradas em muitos alimentos) no intestino delgado por causa da diminuição ou ausência de certas enzimas. Este alimento não digerido passa do intestino delgado para o intestino grosso, onde as bactérias inofensivas, normais, digerem o alimento produzindo hidrogênio, dióxido de carbono e, em cerca de 1/3 das pessoas, metano. Eventualmente estes gases saem pelo reto. 

As pessoas que produzem metano não passam necessariamente mais gás ou têm sintomas únicos. Uma pessoa que produz metano terão fezes que flutuam consistentemente na água. As pesquisas não evidenciaram porque algumas pessoas produzem metano e outras não. 

Os alimentos que produzem gás numa pessoa pode não causar em outra. Algumas bactérias comuns no intestino grosso podem destruir o hidrogênio produzido por outra bactéria. O equilíbrio dos dois tipos de bactérias pode explicar porque algumas pessoas têm mais gás que outras.

Quais são os sintomas e problemas devidos ao gás?

Os sintomas mais comuns do gás são a flatulência, estufamento abdominal, dor abdominal e arrotos. Entretanto, nem todos experimentam estes sintomas. Os fatores determinantes são, provavelmente, a quantidade de gás que o corpo produz, o quanto de ácidos graxos é absorvido pelo corpo e a sensibilidade da pessoa ao gás no intestino grosso.

Eructos
Um arroto ocasional, durante ou após uma refeição, é normal e libera o gás quando o estômago está cheio de comida. Entretanto, pessoas que eructam freqüentemente podem ter engolido ar demais e o liberam antes de entrar no estômago. 

Algumas vezes uma pessoa com arrotos crônicos podem ter uma desordem do trato gastrintestinal superior, tal como uma doença ulcerosa péptica, doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) ou gastroparesia. 

Ocasionalmente, algumas pessoas acreditam que engolindo ar e liberando-o aliviarão o desconforto destas desordens e esta pessoa pode, de maneira intencional ou não, desenvolver o hábito de eructar para aliviar o desconforto. 

A síndrome do estufamento por gás pode ocorrer após a cirurgia de fundoplicatura para corrigir DRGE. A cirurgia cria uma válvula de mão única entre o esôfago e o estômago que permite o gás entrar no estômago mas, freqüentemente, impede o eructo normal e a possibilidade de vomitar. Ela ocorre em cerca de 10% das pessoas que fazem esta cirurgia, mas pode melhorar com o tempo.

 

Flatulência
Outra queixa comum é a passagem de grande quantidade de gás pelo reto (flatulência). Entretanto, a maioria das pessoas não sabem que a passagem de gás 14 a 23 vezes ao dia é normal. Gases demais pode ser o resultado de mal absorção de carboidratos.

Estufamento Abdominal
Muitas pessoas acreditam que gases demais causam estufamento abdominal. Entretanto, as pessoas que se queixam de estufamento pelos gases geralmente têm quantidade e distribuição normais do mesmo. Eles podem estar no momento inconscientes da presença de gás no trato digestivo. 

Os médicos acreditam que o estufamento é geralmente o resultado de uma desordem intestinal, tal como a síndrome do intestino irritável (SII). A causa da SII é desconhecida, mas pode ser por contrações e movimentos anormais da musculatura intestinal e um aumento da sensibilidade à dor no intestino. Estas alterações podem dar uma sensação de estufamento por causa de uma sensibilidade aumentada ao gás. 

Qualquer doença que causa inflamação ou obstrução intestinal, tal como a doença de Crohn ou o câncer de colo, também pode causar estufamento abdominal. Além disso, as pessoas que tiveram muitas operações, aderências (tecido cicatricial) ou hérnias intestinais podem sentir estufamento ou dor. Finalmente, comer muito alimento gorduroso pode retardar o esvaziamento do estômago e causar estufamento e desconforto, mas não necessariamente gases em excesso.

Dor Abdominal e Desconforto
Algumas pessoas têm dor quando o gás está presente nos intestinos. Quando a dor é do lado esquerdo do colo, pode ser confundida com doença cardíaca. Quando a dor é do lado direito do colo, ela pode imitar pedra na vesícula ou apendicite.


Quais alimentos causam gás?
A maioria dos alimentos que contém carboidratos podem causar gás. Em contraste, as gorduras e proteínas causam pouco gás.

Açúcares
Os açúcares que causam gás são a rafinose, lactose, frutose e sorbitol. 
Rafinose
O feijão contém grande quantidade deste açúcar complexo. Pequenas quantidades são encontradas no repolho, couve de bruxelas, brócolis, aspargos, outros vegetais e cereais completos.

Lactose
A lactose é o açúcar natural do leite. Também é encontrado em derivados do leite, como queijo e sorvete, alimentos processados, como pão, cereal e cobertura de saladas. Muitas pessoas, particularmente aquelas descendentes de africanos, nativos americanos ou asiáticos, geralmente têm baixos níveis da enzima lactase necessária para digerir a lactose após a infância. Como resultado, ao passar do tempo as pessoas podem sentir quantidades aumentadas de gás após ingerir alimentos contendo lactose.

Frutose
A frutose está naturalmente presente na cebola, alcachofra, pêras e trigo. Também é utilizado como adoçante em alguns refrigerantes e sucos de frutas.

Sorbitol
O sorbitol é um açúcar naturalmente encontrado nas frutas como maçãs, pêras, pêssegos e ameixas. Também é usado como adoçante artificial em muitos alimentos, balas e gomas de mascar dietéticos.

Amidos
A maioria dos amidos, como batatas, milho, miojo e trigo, produzem gás assim que são digeridos no intestino grosso. O arroz é o único amido que não causa gás.

Fibra
Muitos alimentos contém fibras solúveis e insolúveis. As fibras solúveis se dissolvem facilmente na água e tomam uma textura suave, semelhante a gel, nos intestinos. Encontrada no farelo de aveia, feijão, ervilhas e na maioria das frutas, a fibra solúvel não é digerida até atingir o intestino grosso, onde a digestão origina gás. 

As fibras insolúveis, por outro lado, passam essencialmente inalteradas através do intestino e produzem pouco gás. O farelo de trigo e alguns vegetais contém este tipo de fibra. 


Diagnóstico - Como é feito?
Uma vez que os sintomas de gases podem ser causados por uma doença séria, estas causas devem ser afastadas. O médico geralmente começa com uma revisão dos sintomas e hábitos dietéticos. Ele poderá pedir ao paciente para manter um diário de alimentos e bebidas consumidos por um período de tempo especificado. 

Se se suspeita de deficiência de lactase como origem dos gases, o médico pode sugerir evitar os derivados de leite por um período de tempo. Um exame de sangue ou respiratório pode ser utilizado para diagnosticar intolerância à lactose. 

Ainda mais, para determinar se alguém produz gás demais no colo ou é muito sensível para a passagem de volumes normais de gás, o médico pode pedir aos pacientes para contar o número de vezes que eles expelem gases durante o dia e incluem esta informação no diário. 

Uma revisão cuidadosa da dieta e a quantidade de gases eliminados podem ajudar a relacionar os sintomas com alimentos específicos e determinar a gravidade do problema. 

Uma vez que os sintomas que as pessoas podem ter são tão variáveis, o médico poderá solicitar outros tipos de exames diagnósticos além do exame físico, dependendo dos sintomas do paciente e outros fatores.


Como o gás é tratado?
A experiência mostra que as maneiras mais comuns para reduzir o desconforto por gases são a alteração da dieta, tomar medicamentos e reduzir a quantidade de ar deglutido.

Dieta
Os médicos podem dizer às pessoas para ingerir menos alimentos que causem gás. Entretanto, para algumas pessoas isto significa cortar alimentos saudáveis como as frutas e vegetais, grãos completos e derivados de leite. Os médicos também podem sugerir limitar os alimentos gordurosos para reduzir o estufamento e desconforto. Isto ajuda o estômago a esvaziar mais rapidamente, permitindo os gases se moverem para o intestino delgado. Infelizmente a quantidade de gás originada por certos alimentos varia de pessoa para pessoa. Alterações eficientes da dieta dependem do aprendizado através de tentativa e erro de quanto os alimentos que o prejudicam podem ser manuseados. 

Infelizmente a quantidade de gás originada por certos alimentos varia de pessoa para pessoa. Alterações eficientes da dieta dependem do aprendizado através de tentativa e erro de quanto os alimentos que o prejudicam podem ser manuseados.

Medicamentos não dependentes de prescrição
Muitos medicamentos não prescritos, tomados por conta própria, são disponíveis para ajudar a reduzir os sintomas, como os antiácidos com simeticona (dimeticona). As enzimas digestivas, tais como os suplementos de lactase, ajudam a digerir os carboidratos e podem permitir as pessoas comer alimentos que normalmente originam gases. 

Os antiácidos como Mylanta-Plus e Maalox-Plus, contém simeticona, um agente espumoso que se liga às bolhas de gás no estômago de maneira que ele é mais facilmente eructado. Entretanto, estes medicamentos não têm efeito sobre o gás intestinal. A dosagem varia dependendo da forma do medicamento e da idade do paciente. 

Comprimidos de carvão ativado podem aliviar o colo dos efeitos do gás. Os estudos mostram que quando estes comprimidos são tomados antes e depois de uma refeição, o gás intestinal é diminuído significativamente. A dose usual é 2 a 4 comprimidos tomados logo antes e uma hora depois das refeições. 

A enzima lactase, a qual ajuda na digestão da lactose, não é disponível em nosso meio. Nos Estados Unidos, é disponível em líquido ou comprimido, sendo que a sua venda não necessita de prescrição (Lactaid, Lactrase e Dairy Ease). Adicionando algumas gotas da lactase líquida ao leite antes de beber ou mascando comprimidos de lactase imediatamente antes uma refeição ajuda a digerir os alimentos que contém lactose. 

Também é disponível em supermercados leites específicos ou produtos com pouca lactose. Beano, um novo digestivo disponível nos Estados Unidos que pode ser ingerido por conta própria, contém a enzima que digere os açúcares que estão faltando no organismo para digerir o açúcar presente no feijão e muitos vegetais. A enzima vem na forma líquida. De três a dez gotas são adicionadas por vez imediatamente antes de comer para digerir os açúcares produtores de gás. O Beano não tem qualquer efeito sobre os gases originados da lactose ou das fibras.

Medicamentos de Prescrição Médica
Os médicos podem receitar medicamentos que ajudam a reduzir os sintomas, especialmente para pessoas com uma alteração como a Síndrome do Intestino Irritável.

Reduzindo o Ar Deglutido
Para aqueles que têm eructos crônicos, os médicos podem sugerir formas para reduzir a quantidade de ar engolido. As recomendações são para evitar gomas de mascar e chupar balas. Comer num ritmo lento e uma visita ao dentista para ter certeza que os dentes exercem uma boa mastigação também pode ajudar.

Conclusão
Embora os gases possam ser desconfortáveis e embaraçosos, eles não trazem risco de vida. Compreendendo as causas, formas de reduzir os sintomas e o tratamento, ajudarão a maioria das pessoas a conseguir algum alívio.

O que é Gastroparesia?
Antigamente, o termo gastroparesia era utilizado para definir a diminuição da força de contração da musculatura do estômago. Todavia, nos dias de hoje, é mais utilizado para definir um conjunto de condições caracterizadas por uma lenta passagem de alimentos pelo estômago sem a presença de obstrução no antro, piloro ou duodeno.
Este distúrbio é resultante da lesão dos nervos que inervam o estômago. O nervo vago é responsável por comandar o movimento da comida ao longo do trato digestivo. Quando ocorre lesão naquele, a musculatura deste não trabalha de forma adequada, levando à retenção ou detenção do bolo alimentar.

Em 25% dos casos, a diabetes mellitus é a causa da lesão no nervo que pode levar até 10 anos para aparecer em pacientes com diabetes. O aumento dos níveis de glicose na corrente sanguínea pode ocasionar mudanças químicas nos nervos, lesando os vasos sanguíneos que nutrem o nervo.

Outras causas incluem:

Gravidez;
Fármacos;
Hipotireoidismo;
Hipoparatireoidismo;
Esclerose;
Uremia;
Doenças auto-imunes;
Influenza do tipo-A;
Anorexia nervosa;
Bulimia;
Mal de Parkinson;
Citomegalovirus;
Mononucleose;
Herpes;
Neoplasia;
Miopatias;
Amiloidose
Déficit de cálcio, potássio ou magnésio.

As manifestações clínicas desta desordem envolvem refluxo gastroesofágico, sensação de plenitude gástrica sem ter se alimentado ou comendo pouco, inchaço abdominal, náuseas, vômitos, perda de peso em decorrência da baixa absorção de nutrientes, alteração dos níveis sanguíneos de glicose, falta de apetite, espasmos da parede do estômago e eructações.

Alimentos sólidos e com elevada quantidade de fibras ajuda a intensificar esses sintomas, bem como alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas.

Caso o alimento permanece por um longo período de tempo no estômago, pode levar à proliferação da flora bacteriana, devido à fermentação do bolo alimentar. Desta forma, este último pode tornar-se uma massa sólida, obstruindo a passagem de alimentos para o intestino delgado. Nesse caso, em pacientes diabéticos fica mais difícil o controle dos níveis de glicose no sangue, uma vez que a absorção deste açúcar ocorre no intestino delgado.

O diagnóstico é alcançado por meio da auscultação do estômago, que revela intenso barulho de digestão, mesmo horas após a última refeição. Exames de sangue são de grande importância para verificar se há desnutrição, desequilíbrio eletrolítico ou alguma doença de base. Caso os sintomas persistam mesmo após a implementação de um tratamento adequado, um exame endoscópico deve ser feito, para pesquisar se há algo bloqueando a passagem do estômago para o intestino delgado. Se não houver nada obstruindo essa passagem, deve-se realizar um estudo do esvaziamento gástrico para confirmar o diagnóstico.

No tratamento da gastroparesia são utilizados fármacos pró-cinéticos, como cisaprida, metoclopramida, domperidona, bromoprida e eritromicina. Outros fármacos também podem ser usados, como derivados benzamídicos, análogos da somatostatina, antagonista dos opóides, dentre outros.

Nos casos mais graves, uma cirurgia para fixação de uma sonda alimentar ligando o estômago ao meio externo, denominada gastrostomia, pode ser necessária, ou ainda a ressecção da parte do estômago que funciona de forma anormal, procedimento chamado gastrectomia.

Caso este distúrbio esteja relaciono a problemas emocionais, como transtornos alimentares ou ansiedade, recomenda-se que seja feito acompanhamento psicológico.

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