"É como dar presente de Natal o ano todo", definiu a produtora cultural Yve Franco, de 29 anos. Na última terça-feira, ela começou uma despretensiosa campanha que, em apenas três dias, já conquistou mais de três mil curtidas no Facebook. O projeto "Se precisar, pegue, se não precisar, doe", quase autoexplicativo, teve a ideia inicial de fazer um ponto em cada bairro da cidade e torná-lo fixo em algum tempo para que doações possam ser feitas a qualquer momento. Mas agora a boa ação ganhou também a Bahia, Minas Gerais e o Recife.
Após deixar seu filho Ivan, de 5 anos, na escola, Yve conta que subiu em seu apartamento para arrumar a casa - em especial, o seu armário.
- Fiquei tão chateada olhando tanta coisa que eu não usava, tanta coisa parada... Então eu peguei meia dúzia de coisas, comprei arroz no mercado e cartolina - narrou.
Na esquina da Rua Tucumã, no Flamengo, Zona Sul do Rio, ela colou o cartaz com o nome da campanha na parede de um prédio e dobrou as roupas ao lado do alimento, protegidos por um papel que forrava. O resto do dia a produtora cultural ficou do outro lado da rua acompanhando, receosa com o que pensariam da inusitada doação. Ela afirmou, no entanto, que ficou surpresa conforme o espaço foi ficando cheio.
- Quando cheguei em casa, amigos estavam compartilhando fotos de outras pessoas que tinham passado por ali - disse. - Resolvi então criar a página para divulgar em que bairro eu estaria, já que queria fazer um bairro por dia.
Na manhã seguinte à do ponto no Catete - que agora já coleciona três dias de sucesso da campanha e já é "autossustentável" - Yve acionou amigos de Petrópolis, Vassouras, Maricá, até que a corrente se espalhou para outros estados, "tudo por Facebook".
- Já fiz Flamengo, Laranjeiras, Catete e hoje vou para o Largo da Carioca - contou.
SEM EGOCENTRISMO
Com sua pouca idade, Ivan entendeu o recado e logo quis separar os brinquedos que não usava mais.
- Não posso passar em um lugar onde tenha uma cadeira na rua que ele fala: 'Mamãe, aquela cadeira pode ser doada' - brincou.
Através da página da campanha no Facebook, aqueles que se interessarem em doar cobertores, sapatos, roupas de frio e outros itens podem acompanhar os locais dos próximos pontos. Os que já estão marcados vão acontecer em Copacabana na segunda-feira e na praça Saens Peña, na Tijuca, na quinta-feira.
Apesar de receber ajuda de seu namorado e de amigos, Yve afirma que o movimento não é uma ONG. Assim, deixa claro o que considera ser a principal mensagem que quer passar:
- Com amor, realmente podemos mudar toda e qualquer atitude desumana. Quero propagar o amor e essa corrente me mostrou que é possível. Não quero que o egocentrismo destrua a nossa humanidade.
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