É num espaço mínimo, entre a geladeira e o fogão de sua casa, que Vitória Beatriz Oliveira, de 9 anos, treina os passos que deverá apresentar em Joinville (SC), na sede brasileira da famosa escola russa de balé, o Teatro Bolshoi.
De acordo com a BBC, Bia, como é chamada, foi selecionada em um projeto social na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, para a audição nacional que ocorre de 17 a 19 de outubro. Foram tantas piruetas nas últimas semanas que a porta do fogão acabou danificada. Beatriz bateu o pé no vidro durante um dos ensaios na cozinha. Não se machucou, mas levou uma bronca. "A única coisa ruim do balé é que ela quebrou meu fogão", brinca a mãe, Rosana Oliveira.
A intensidade dos treinos caseiros tem fundamento. Beatriz vai disputar com quase mil crianças esse precioso lugar ao sol. Em 2013, segundo dados do Bolshoi, foram 46 candidatos por vaga. A bolsa de estudos é o atual sonho individual da menina, e também o passaporte para que sua família deixe a área conhecida por abrigar usuários de crack.
Bia mora com a mãe e dois irmãos no local há sete anos. A região foi a saída encontrada por Rosana para conseguir um aluguel mais barato. "O povo não enxerga que na Cracolândia também tem família, trabalhador, criança que não é usuário", lamenta.
Tomara, que Beatriz conquiste o espaço que merece e consiga provar ao mundo que o importante é não abandonar os sonhos mesmo que eles pareçam impossíveis de serem realizados.
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