17/12/2014

Clube do Totó tem parque aquático só para cães no Rio

O nome Marco Antônio Sarnelli Vieira Marinho poderia ser de um empresário qualquer, mas o apelido que usa profissionalmente denuncia seu ramo. "Totó" é dono de um curioso empreendimento aberto há seis meses na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio: um parque aquático cuja clientela é exclusivamente formada por cachorros.

O Park Clube do Totó, que funciona dentro do condomínio Barra Bali, não tem como única atração a piscina onde os cães podem se divertir livremente. O local conta com área para festas de aniversário para os animais; outra ainda maior para encontro de pets da mesma raça; pista de agility para exercícios; área para tratamentos de beleza, banho e secagem dos pelos; e até um pequeno santuário em homenagem a São Francisco de Assis, o santo protetor dos animais.

Altar em homenagem a São Francisco de Assis que fica em parque dedicado ao lazer canino na Barra da Tijuca. (Foto: Cristina Boeckel/ G1)Altar homenageia São Francisco






De acordo com Totó, a iniciativa de construir o local surgiu pela necessidade de um lugar para os cães se refrescarem, já que a presença dos animais é proibida nas areias das praias e no mar.

"O parque surgiu quando eu comecei a ir à praia com os meus cachorros e sempre tinha confusão. Tinha banhista que brigava e chamava a guarda municipal. E eu pensei: 'poxa, noRio de Janeiro, com 50 quilômetros de praia e a gente não pode ir a praia nenhuma, com esse calor danado? Tem que deixar o cachorro em casa?' Aí eu comecei a buscar um espaço para fazer uma piscina para os meus cachorros. Falei com um amigo, com outro, eles se empolgaram e a gente tá com essa piscina aí, que já está pequena", conta.

Dono se diz pioneiro
Marco Totó insiste que seu empreendimento não é o único do tipo somente no Rio de Janeiro, mas em todo o planeta. "Este espaço é único no mundo. Pelo que pesquisei, existem parques na América, mas são lagos ou piscinas normais que, naquele dia, adaptaram para os cachorros. Esta aqui foi construída em rampa, porque ela vai de 10 centímetros a 1,5 metro de profundidade onde os cachorros têm total segurança. Cachorro pequeno fica no raso, cachorro grande vai para o fundo. Para quem não sabe nadar, temos um guarda-vidas. E, para qualquer eventualidade por causa de uma confusão por brinquedo, temos um spray que assusta e coíbe qualquer tipo de briga", disse.

Pitbulls vetados
Segurança é primordial no Clube do Totó. O local impõe condições para receber os cães. A primeira delas é a exigência da carteira de vacinação. A segunda é que o lugar não se dispõe a receber cachorros de raças consideradas agressivas, como os pitbulls. "O parque não recebe cães agressivos. Nós estamos incluídos na lei dos ferozes. Os cães bravos não podem frequentar o parque em matilha. Assim, só temos cães de raças dóceis, como golden retriever, labradores e vira-latas".

Cães brincam na piscina do parque. (Foto: Cristina Boeckel/ G1)Cães brincam na piscina do parque. 

Nas três horas que o G1passou no local, 17 cachorros passaram pelo local. De acordo com o dono, a frequência mensal chega à casa dos três dígitos. "A gente recebe uma média de 150 a 180 cães por semana. Mas a maior parte é no fim de semana ou feriado, quando as pessoas estão disponíveis."

Maria Catarina Vallim e o buldogue francês Flea, frequentadores do local. (Foto: Cristina Boeckel/ G1)Maria Catarina Vallim e o buldogue francês Flea,
frequentadores do local. 

'Não é luxo', diz frequentadora
O que para muitos pode parecer algo supérfluo, para a enfermeira aposentada Maria Catarina Valim é uma necessidade.

"Não é luxo. Porque muita gente não suporta cachorro. E a maioria mora em apartamento. Não tem espaço. Aqui você não atrapalha as pessoas. No meu condomínio, às vezes, eu quero andar na calçada com o cão e tenho que andar na rua, porque elas são estreitas. E encontrar um espaço desses é muito bom", diz.

Maria Catarina é dona de Flea, um buldogue francês de 2 anos batizado em homenagem ao baixista da banda Red Hot Chili Peppers. O animal tem o hábito de desfrutar da piscina todos os dias, após um passeio com a dona. "Eles ficam felizes soltos. E para a gente é uma tranquilidade. A gente interage com pessoas que tem a mesma necessidade", afirma.

Luciana Zygielszyper acompanhada dos filhos e do labrador Bono Vox. (Foto: Cristina Boeckel/ G1)Luciana Zygielszyper espera melhorar o
comportamento do labrador Bono Vox.







Quem também tem cão com nome de astro do rock é a autônoma Luciana Zygielszyper, moradora de Vargem Grande. Dona de Bono Vox, um labrador cor de chocolate que estreava no parque, ela tinha esperança de que, com a ajuda do adestrador e na presença de outros cães, ele se tornasse mais calmo. "O Bono é forte, grandão, ele dá uns trancos. E, em algum momento, eu perdi a rédea dessa situação".

Durante a conversa com o tratador, Bono brigou duas vezes com um husky siberiano. Luciana acredita que o comportamento do cão encontrou respaldo em suas próprias ações. "A verdade é que eu comecei a passar insegurança para o Bono".

A designer Márcia Porto costuma levar Kevin, um golden retriever de temperamento dócil, ao local pelo menos uma vez por semana desde setembro. Aproveita o dia na piscina para dar um banho completo no animal. "Eu moro em apartamento e ele é louco por piscina. Ele passa a semana feliz. Quando eu trago, parece que ele recupera as baterias. E a sociabilidade melhorou muito", conta.

A designer Márcia Porto, acompanhada da filha Giulia, conta que o golden retriever Kevin é louco por água. (Foto: Cristina Boeckel/ G1)A designer Márcia Porto, acompanhada da filha
Giulia, conta que o golden retriever Kevin é louco
por água.
Perguntado sobre por que alguém deve pagar (até R$ 40 por dia, veja abaixo) para brincar com seu cachorro em um lugar privado em vez de usar um espaço público, Totó afirma que o lugar tenta minimizar uma série de dores de cabeça que geralmente assombram os donos.

"No espaço público você não tem banheiro, não tem lugar para fazer um lanche, cadeira e mesa para sentar e estacionar o carro é um problema. Aqui é uma área totalmente cercada, imunizada diariamente e cercada. É uma matilha controlada com antipulga e carrapato. A minha maior luta é manter um espaço saudável. É um espaço para a família: a gente recebe o papai, a mãmãe, os filhos de duas pernas e os de quatro patas".

SERVIÇO:
Park Clube do Totó
Endereço: Avenida Djalma Ribeiro, s/n – acesso pelo Condomínio Barra Bali – Barra da Tijuca
Horário de funcionamento: 09h às 17h
Preços: durante a semana R$ 20 por cachorro, com direito a duas pessoas acompanhando
Fim de semana: R$ 40 por cachorro, com direito a duas pessoas acompanhando
Mensalidade para sócio: R$ 180, com entrada liberada

Máquina usada para secar os pelos dos cachorros após brincadeiras na água. (Foto: Cristina Boeckel/ G1)Máquina usada para secar os pelos dos cachorros após brincadeiras na água. 

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