28/12/2014

Com máxima de 40,1 graus, sensação térmica atinge os 45 graus no último domingo do ano.

Para suportar o calorão e as areias escaldantes, banhistas transformam a Praia de Copacabana num mar de barracas coloridas.
Segundo o dito popular, o sol nasce para todos. Pode ser. Mas, no verão carioca, o que conta mesmo é a sombra. Para garantir um lugarzinho debaixo dela, banhistas que lotaram as praias da Zona Sul abriram milhares de barracas no último domingo de 2014. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a máxima foi de 40,1 graus, na Vila Militar. Porém, a sensação térmica alcançou 45 graus, em Guaratiba.

Além do imenso mar de guarda-sóis, chuveirinhos, mangueiras de irrigação e piscinas de plástico ajudaram os banhistas a enfrentar areias abrasivas, que chegaram a marcar 54 graus,  medidos com um termômetro no trecho de praia em frente ao Copacabana Palace, por volta das 13h30m. Somente as áreas que ficam no entorno dos palcos da festa da virada ficaram vazias.

CAMINHO MOLHADO

O calor era tanto que, por volta das 12h30m, quando o barraqueiro Mário Pimentel de Souza estendeu uma longa mangueira de irrigação sobre a areia escaldante de Copacabana, os banhistas que deixavam a praia passaram a andar em fila indiana, pisando apenas na areia molhada.

— Aleluia, aleluia — comemorou Lara Souza, moradora do bairro, para concluir que "São Pedro passou da medida".

Depois de desenrolar o carretel de mangueira, deixando esguichar água sobre a areia, o barraqueiro contou que a engenhoca custou R$ 150. Mas ele confessou que a intenção não foi necessariamente dar conforto à clientela:

— Não é possível trabalhar com a areia fritando os pés. Por isso, comprei a mangueira. O corredor de água faz o maior sucesso com os banhistas, e quem o utiliza precisa passar pela minha barraca quando chega ou sai da praia.

Enquanto no trecho seco de areia o termômetro marcava 54 graus, na faixa molhada a temperatura caía para 34. Ao longo da praia era possível ver muitos banhistas caminhando junto às mangueiras estendidas por barraqueiros. A água é retirada de poços artesianos, que também abastecem chuveirinhos.

A Praia Vermelha foi outra que ficou lotada. Às 9h, já não era possível achar vaga para estacionar nem espaço vazio na areia. Por causa do forte calor, as amigas Taís dos Santos e Kelly Cristiana Magalhães banhavam o tempo todo Alicia, de sete meses, no único chuveirinho da praia.

— Não dá para ficar longe do chuveirinho, o calor está muito forte — disse Taís.

MUITO LIXO DEIXADO NA AREIA

No calçadão, à sombra, o calor diminuía um pouco, o que fez a alegria do casal de gaúchos Alexandre Sebastião e Nadará Santana.

— Para ficar na praia, só mesmo na sombra do calçadão e com kit de sobrevivência — brincou Alexandre, exibindo uma mochila com água, frutas e protetor solar.


Ao anoitecer, Praia do Arpoador ainda estava lotada.
Por volta das 19h, a Pedra do Arpoador estava tomada por uma multidão que esperava ver de camarote o pôr do sol. Praticamente não havia mais lugar nas pedras. Quando as luzes da orla se acenderam, por volta das 20h, as praias da Zona Sul permaneciam lotadas. E um fato lamentável podia ser observado: a areia acumulava montes de lixo deixados para trás pelos banhistas.

CALOR DIFICULTA MONTAGEM DE PALCO

O calorão também afetou o trabalho dos operários que, nos últimos dias, montam o palco principal da festa da virada. Se nos primeiros dias a temperatura no local era maior do que no restante da Praia de Copacabana, neste domingo a situação foi inversa: com um pé direito de 15 metros de altura, a parte interna do enorme palco recebia a brisa do mar. Ali, a temperatura chegava a 30 graus, ou seja, quase 10 graus a menos do que na areia. Mesmo assim, a equipe de funcionários usou luvas para trabalhar.

O assessor técnico Paulo Jannuzzi contou que já havia participado da montagem dos palcos para a Copa e a visita do Papa Francisco ao Rio, eventos que aconteceram na estação mais fria:

— Esse calor é cruel!

Para a equipe de cenografia, a pior parte já passou.

— Aqui, agora está até fresco — disse o cenógrafo Raul Ferraz.

Segundo ele, além do equipamento de segurança, os trabalhadores tiveram que usar luvas para poder tocar nas estruturas:

— Estava tão quente que a mão queimava. Só deu mesmo para terminar a montagem usando luvas.

Apesar do calor, Flávio Machado, diretor da produtora SR Com, responsável pela produção do evento, garantiu que o palco da festa está praticamente pronto:

— Faltam alguns detalhes, mas, na segunda-feira à noitinha, faremos os testes de luz.

De acordo com ele, os técnicos estão terminando a instalação de um milhão de lâmpadas de LED no palco principal, que piscarão em sequências programadas, para transmitir a sensação de que o palco "dançará" conforme os diferentes ritmos musicais.

Tempo para Segunda-Feira, 29/12

Sol com aumento de nuvens ao longo do dia. À noite ocorrem pancadas de chuva.

Max 37º

Min 22º

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