De programas infantis como o "Clube do guri" (1955-1976) a novelas como "Roque Santeiro" (1985), “Senhora do destino” (2004) e Império (2014), a atriz flertou com a música – o compacto “Pertinho de você” (1978) vendeu mais de 1 milhão de cópias -, mas foi no teatro que se criou. Dentre todos os feitos, fica o desejo de interpretar uma vilã: “Nunca interpretei uma mulher má de verdade. Quero muito fazer”.
Mas a chegada dos 60 anos não significa que Elizângela, solteira e com uma filha, se considere com esta idade. A própria diz que é moderna – só não tanto quando o assunto é tecnologia. Em entrevista ao EGO, a atriz fez um balanço de sua carreira, revelou que já passou por sufocos financeiros e comentou o papel de sex symbol: “Eu nunca me achei e nunca pensei nisso”, diz, acrescentando: “Eu era uma jovem muito bonita, uma mulher exuberante e acho que até sou bonita para minha idade. Viu como já estou? Minha idade... Só não posso perder a noção do ridículo”, diverte-se ela. Confira abaixo trechos da entrevista:
60 anos
“Não sei como é fazer 60 porque não paro para pensar nisso. Se parar, como qualquer mulher vaidosa, pode ser que me incomode e que comece a olhar mais para o espelho (risos). Eu não sinto essa idade. Sempre ouvi as pessoas falarem isso e não entendia. Hoje, eu compreendo. Quem quer ter essa idade? É mentira se falar que quer. Posso entrar na fila do banco ou entrar no ônibus de graça (risos). Mas nem sei se vou aproveitar porque as filas de idoso nos bancos é tão grande quanto as normais e não ando de ônibus...Tô vendo vantagem nisso, não...”
Vaidade
“Sou vaidosa, mas não excessivamente. Estou morando em Guapimirim e tenho de me dar uma policiada porque fico de chinelo, bermuda, relaxadona. Teve uma semana que fiquei sem gravar e, quando me vi, estava qualquer nota. Não fiz unha, não depilei, não fiz nada.”
Morar fora da cidade grande
“É uma liberdade absurda e lá as pessoas não te olham como se estivessem te checando. Elas te olham como pessoa normal. Você fica muito mais à vontade para ser você. Não preciso me preocupar em me produzir para ir na esquina. Posso ser o mais natural possível. É uma outra qualidade de vida e não é só do verde que tenho na minha casa. É de qualidade humana. Aqui, na cidade, está tudo muito fútil.”
Protagonista
“Eu fui a protagonista da novela “Tudo ou nada”, na Manchete, mas é um trauma, né? Tem que ganhar muito porque é muito trabalho, muito texto para decorar e o foco fica muito em cima de você. E protagonista, normalmente, é meio chato. Hoje, até tem uns personagens mais legais, mas as da minha época eram aquelas meninas chatas, irreais, que não existem.”
Desejo de vilã
“Tem alguns personagens que tenho muito carinho como a Djenane, de ‘Senhora do destino’; Rosemary Pontes, de 'Pedra sobre pedra', e a Shirley de 'Cobras e lagartos'. Tem outros personagens que acho que não precisava ter feito, mas prefiro não falar para o autor não ficar chateado comigo. Mas em toda minha carreira, nunca fiz uma personagem má, uma vilã. Quero muito fazer”.
Filha do Zacarias
“Não sei de onde surgiu isso. Já desmenti mil vezes. Eu não me incomodo com as comparações, mas acho que quem devia se incomodar era minha mãe e meu pai (risos). Afinal de contas ela só teve um marido".
Ficante convicta
“A única coisa que não sou moderna é na tecnologia. Sou uma ficante convicta. Gosto de ser solteira. Casamento para mim, hoje, seria algo do tipo cada um em sua casa. Casamento para mim é você ter uma relação com alguém e não precisar dividir o mesmo teto. Seria o ideal. Hoje, a gente tem uma vida tão louca e cada um buscando suas coisas, que fica tudo meio individualizado. O viver junto é uma coisa complicada porque cada um tem seus hábitos”.
Independência
“As pessoas pensam que se você morar sozinha pode ter problema com solidão. Eu não tenho esse problema. Eu vou ao cinema sozinha, janto sozinha e acho que isso deve ser meio chato para homem: ser independente demais. Acho que posso assustar os homens porque sou muito cheia de opinião, muito independente.”
Dívidas
“Já passei por problemas financeiros. E não sei dizer quando porque foi mais de um. Sou atriz há 53 anos, né? Não é fácil. Eu fui ao longo do caminho conquistando um salário melhor, mas criei minha filha sozinha e foi complicado. Já atrasei conta, já fiquei devendo... Hoje, estou reformando minha casa, sou feliz e sei que eu mereço.”
Premonições
“A Jurema em ‘Império’ está sofrendo muito. Muitas lágrimas por ela não saber o paradeiro do filho. Ela só tem uma sensação muito forte e ele fica aparecendo nos sonhos. Eu acredito em tudo, em todas as energias. Já tive experiências com premonição e me safei até de acidente de carro. Era como se dissesse na minha cabeça: ‘Tira o pé do acelerador, que o motoqueiro vai cair’ e o cara caiu. Senão tivesse feito, ele tinha vindo em cima de mim. Já me envolvi em situação horrível porque não ouvi essa voz. Fui assaltada porque não dei importância a sensação. Nunca mais faço isso.”
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