Especialista em neurociência, Sophie Deram está terminando um livro em que recomenda que as pessoas não façam dietas restritivas. Ela explica que o cérebro entende a restrição a quantidades ou tipos de alimento como um perigo ao organismo. "O corpo se assusta e o cérebro busca se adaptar. Como proteção, ele gera aumento de apetite e redução do metabolismo, levando a pessoa a engordar a longo prazo."
A nutricionista afirma que isso é comprovado cientificamente. "Estudo feito com 4 mil pares de gêmeos idênticos mostrou que aquele que fez dieta engordou bem mais que o outro, mesmo com a mesma genética." Outro risco das dietas restritivas é causar transtornos alimentares. Segundo a Dra. Sophie, elas aumentam em 18 vezes a chance de a pessoa desenvolver uma compulsão alimentar. "Os maiores transtornos alimentares que a gente trata, como bulimia e anorexia, começaram com uma dieta."
Emagrecer comendo de tudo
O que fazer então para emagrecer? A nutricionista diz que o segredo é mudar a forma de se relacionar com a comida. "As pessoas engolem sem pensar, sem escutar o corpo. O ideal é comer alimentos naturais (verdadeiros, não necessariamente orgânicos), com prazer e tranquilidade, respeitando os sinais de saciedade. Quando você come com estresse e culpa, a digestão não acontece da mesma maneira", explica. A principal dica, segundo ela, é, em vez de retirar alimentos, acrescentar qualidade. "Devemos comer de tudo. Porém, quando se aumenta a ingestão de legumes, fibras e grãos, você naturalmente vai reduzir o consumo de alimentos industrializados ou fast-food."
Ela reforça que mesmo esses alimentos não devem ser proibidos. Ao destacar que o aspecto do comportamento é tão importante quanto o lado nutricional, Dra. Sophie ressalta que não funciona proibir, por exemplo, um adolescente de comer hambúrguer. "Isso faz parte da vida dele. O ideal é que não seja rotina e que 80% do tempo ele coma alimentos caseiros e verdadeiros. Podemos comer de tudo, procurando ter uma alimentação mais caseira sem ficar obcecados com a balança. E podem ser comidas simples, como um omelete de legumes ou um macarrão com molho de tomate." Diante disso, ela sintetiza sua orientação em três dicas básicas: não faça dieta; coma alimentos mais verdadeiros, frescos e caseiros; e volte a cozinhar.
A recomendação dela é que se fuja do chamado "terrorismo nutricional". Regras rígidas estressam as pessoas, que acabam nem sabendo mais o que comer. "Num momento a carne vermelha não faz bem, depois o vilão é o glúten. Precisamos relaxar com a alimentação e procurar o equilíbrio. Nenhum alimento por si só é bom ou ruim. O que cada pessoa deveria ter é uma consciência maior de como está se sentindo: estou com fome? Vou comer. Estou sem fome? Vou parar de comer! Quem responde bem a essas perguntas chega a um peso saudável. É um bom jeito de emagrecer de maneira suave e para a vida inteira", completa.
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