A Folha de S. Paulo de ontem (8) produziu uma manchete no mínimo curiosa, a de que a prefeitura de São Paulo estaria aprovando alunos com notas vermelhas. Como se alunos com notas vermelhas tivessem que ser automaticamente reprovados e como se os conselhos de classe e de escola não tivessem autonomia para avaliar os estudantes pelo conjunto do seu desempenho.
O factoide da Folha tem relação com as mudanças que foram implementadas desde que o prefeito Fernando Haddad assumiu o governo de São Paulo e convidou para a secretaria da Educação o sociólogo César Callegari, que atua na área desde o final da década de 1970 e que já passou por diferentes instâncias de governo – trabalhou, por exemplo, tanto na secretaria de Educação de Taboão da Serra, como no Ministério da Educação e na secretária Estadual de Educação de São Paulo.
A dupla Haddad e Callegari encaminhou já no início do mandato uma reformulação total no sistema de acompanhamento da avaliação dos estudantes na rede. No período Serra/Kassab os alunos eram automaticamente aprovados e não tinham sequer um boletim escolar para que a família pudesse acompanhar seus desempenhos.
“O programa de reforma da educação que foi concebido no ano passado com vários elementos está sendo aplicado em todas as escolas municipais e com algumas novidades. E uma delas é que passou a ser possível, e não era, os alunos serem retidos no 3º, 6º, 7º, 8º, 9º anos do ensino fundamental”, explica César Calegari.
O secretário com quem conversei por aproximadamente uma hora ao final da tarde de ontem considera que a Folha ao produzir essa manchete fez um desserviço não só com o trabalho que a secretaria está fazendo, como com o esforço que todos os professores da rede vêm realizando.
“Os professores estão produzindo uma avaliação rigorosa, séria, clara e transparente pra garantir o desenvolvimento dessa criança e desse jovem. Eles levam em consideração os trabalhos, a assiduidade, a lição de casa, se não faltam, tudo isso é considerado na avaliação”, registra Callegari.
A avaliação não pode ser burra
O fato de ter instituído a possibilidade de reprovação e o acompanhamento escolar com notas bimestrais não significa que a gestão atual queira punir os alunos, mas ao contrário, explica o secretário: “Isso permite que as escolas e professores enxerguem como os alunos estão indo e quais são as dificuldades. Neste ano os alunos que exibiram dificuldades, que em alguns casos vem se acumulando há muitos anos por falta de uma avaliação, passaram a ser alvos de processos de recuperação e de acompanhamento pedagógico complementar dentro das escolas”.
É neste contexto que deve ser entendido o sistema de aprovação ou reprovação. E não numa lógica onde se considere apenas a média dos bimestres. “O aluno pode ter tido uma nota muito baixa no primeiro bimestre e depois ter se recuperado e ir aprendendo o conteúdo. É um conjunto de elementos e de indicativos do desempenho da criança que são levados em consideração. Quem toma a decisão final ponderando todas essas informações é o Conselho de Classe e o Conselho de Escola, não é só o professor, muito menos o secretário de Educação ou o prefeito”, pontua Callegari.
Haddad virou alvo
A manchete da Folha de ontem é mais um indicativo que a ‘operação arrasa Haddad’ está em curso. Há na mídia tradicional (e não só nos periódicos impressos, ouçam as rádios paulistanas para ver o quanto elas estão jogando duro com o prefeito) uma tentativa clara de impedir a recuperação da popularidade do governo atual. E são exatamente nas áreas onde se começa a mostrar bons resultados que se concentram os ataques.
Há claros avanços, por exemplo, na área de transporte e mobilidade, com a criação das faixas dê ônibus, corredores, ciclovias e outras iniciativas, como a anunciada ontem pelo secretário Chico Macena, de recuperação das calçadas da cidade, que tem por objetivo melhorar a vida do pedestre. Como também há avanços consideráveis na área da educação, onde, por exemplo, já foram criadas 31 mil vagas de creches a partir de convênios e onde 243 novas unidades estão sendo construídas. O secretário prevê, por exemplo, que ao final da gestão 105 mil novas vagas terão sido criadas para crianças de 0 a 3 anos e que de 4 a 5, nas EMEIs, não haverá mais problemas de vagas. Ao mesmo tempo estão sendo construídos mais 20 CEUs que se integrarão ao sistema já existente, mas que serão mais focados no público jovem.
E isso não é notícia e nunca será para mídia tradicional. O que vale é jogar na confusão e fazer de conta que a avaliação dos alunos que permite fazer um acompanhamento dos seus desempenhos é o problema da escola. E como se a nota da cidade de São Paulo no Ideb entregue pelas gestões Serra Kassab, 4,4, fosse algo para a cidade se orgulhar.
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