15/01/2015

Com temperatura média de 36,9 graus, Rio é a capital mais quente do país neste verão.


Os cariocas estão acostumados a conviver com altas temperaturas, mas uma frase é recorrente em conversas neste período do ano: que calor é esse? Não é à toa. Com temperatura média de 36,9 graus, segundo levantamento feito pelo Instituto Climatempo, o Rio é a capital mais quente do país neste verão e, pelo segundo ano consecutivo, superou cidades historicamente mais quentes, como Teresina e Cuiabá.

Mesmo sendo uma cidade à beira-mar — o que poderia proporcionar uma brisa fresca vinda do oceano —, as montanhas que cercam o Rio atuam num processo chamado aquecimento adiabático. Ele ocorre quando a massa de ar vem do interior para o litoral, como atualmente. À medida que os ventos descem a serra e mudam de altitude, se aquecem até encontrar a capital. O aumento das áreas concretadas, decorrente da crescente urbanização, é outro fator que colabora para a elevação da temperatura. Ontem, a máxima registrada foi de 35,6 graus, na Saúde, enquanto a sensação térmica atingiu 43 graus em Guaratiba.

— O sistema de alta pressão do Atlântico Sul se intensificou e está atuando desde a última semana de dezembro. Essa massa inibe a formação de nuvens e, justamente por conta do vento vindo do interior, a brisa também não tem força para resfriar a temperatura — explica a meteorologista Bianca Lobo, do Climatempo. — O Rio tem outra particularidade que precisa ser considerada. Existem pontos de medição de temperatura em locais muito quentes, como no alto de um prédio.

Em janeiro de 2013, o Rio registrou a sétima maior média de temperatura do país (31,9 graus), enquanto Boa Vista, em Roraima, liderava entre as capitais, com 34,9 graus. Já em janeiro do ano passado, a temperatura média na capital fluminense saltou para 37 graus, e a cidade assumiu o primeiro lugar entre as mais quentes, deixando Boa Vista na segunda posição, com média de 33,9 graus. O quadro para as duas cidades é o mesmo este ano.

Na comparação com a série histórica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que inclui dados de 1960 a 1990, a diferença para hoje é gritante e mostra a elevação na temperatura. Nem Rio nem Boa Vista aparecem na lista das dez cidades mais quentes em janeiro na média desses 30 anos. A máxima é de Cuiabá, em Mato Grosso, com 32,6 graus.

CHUVA SÓ SEMANA QUE VEM

Professora do Laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Maria Gertrudes Justi explica que há uma espécie de barreira na atmosfera que está impedindo as frentes frias que vêm do Sul do país de chegarem ao Rio de Janeiro. Com isso, elas ficam concentradas principalmente em São Paulo, que tem tido fortes chuvas. De lá, as frentes frias têm se deslocado para o oceano:

— Estão concentradas em São Paulo as chamadas zonas de convergência, onde o ar sobe, levando o vapor d'água. Aqui no Rio acontece o oposto, o que chamamos tecnicamente de movimento subsidente, porque o ar está descendo. Mas, a partir da próxima semana, essa configuração pode mudar, havendo a passagem de alguma frente fria.

Maria Gertrudes lembra a tão falada sensação térmica, que tem chegado às alturas neste verão:

— Como o Rio é uma cidade com uma umidade relativa maior que em outros locais do país, a sensação térmica é muito mais alta. O suor não evapora, aumentando o calor do corpo da gente. Se não tivéssemos uma umidade tão alta, não teríamos uma sensação tão ruim.

O primeiro dia do verão já anunciava a onda de calor que persiste até hoje: a sensação térmica em Guaratiba atingiu 55 graus. Chuva, os cariocas só devem ver na quinta-feira da semana que vem, segundo a previsão do Climatempo.

No meio das lamentações em redes sociais, há também quem encare o calorão com bom humor. Na página Bangu da Depressão, que reúne brincadeiras sobre o bairro da Zona Oeste, um dos mais quentes da cidade, há piadas como "Bangu é o único lugar do universo em que todas as casas já vem com sauna! É só jogar o cheirinho de eucalipto".


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