26/01/2015

Notas do Enem expõem o preço do ensino de elite.

  Luciani de Oliveira Freitas é mãe de Luísa, aluna do Santo Agostinho  Foto: O Globo / Pedro Kirilos

A lista das escolas cariocas com as melhores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 assusta. Entre as dez primeiras do ranking, nove têm mensalidades acima de R$ 2 mil. A exceção é a nona colocada, a Escola Sesc de Ensino Médio, um projeto do Serviço Social do Comércio (Sesc), na qual o ensino é gratuito. No Colégio São Bento, que ocupa o topo da relação, os pais dos alunos do 3º ano do ensino médio terão que desembolsar R$ 2.807 por mês em 2014. Há instituições ainda mais caras, que não têm bom desempenho no exame — e parecem não dar muita importância a isso —, como a Escola Britânica, nas quais as mensalidades giram em torno de R$ 4,5 mil. Por trás destas pequenas fortunas, justificam os diretores dos colégios, estão instalações de alto nível, equipamentos de ponta, atividades extracurriculares, carga horária pesada e, principal ponto em comum entre elas, professores com remuneração acima da média.

A lista das escolas cariocas com as melhores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 assusta. Entre as dez primeiras do ranking, nove têm mensalidades acima de R$ 2 mil. A exceção é a nona colocada, a Escola Sesc de Ensino Médio, um projeto do Serviço Social do Comércio (Sesc), na qual o ensino é gratuito. No Colégio São Bento, que ocupa o topo da relação, os pais dos alunos do 3º ano do ensino médio terão que desembolsar R$ 2.807 por mês em 2014. Há instituições ainda mais caras, que não têm bom desempenho no exame — e parecem não dar muita importância a isso —, como a Escola Britânica, nas quais as mensalidades giram em torno de R$ 4,5 mil. Por trás destas pequenas fortunas, justificam os diretores dos colégios, estão instalações de alto nível, equipamentos de ponta, atividades extracurriculares, carga horária pesada e, principal ponto em comum entre elas, professores com remuneração acima da média.

— É fundamental a boa gestão da sala de aula e o domínio do conteúdo pedagógico. Eles devem ser educadores no sentido mais amplo da palavra — explica Palatinsk.

As mensalidades das escolas com as melhores notas no Enem no Rio são, muitas vezes, mais caras do que no ensino superior privado. Alunos de cursos como Psicologia, Economia, Administração e Comunicação Social da PUC-Rio, por exemplo, gastam R$ 2.345 mensais. E isto se fizerem o máximo de 30 créditos permitidos num semestre letivo. No Colégio Cruzeiro, o desembolso mensal é de R$ 2.909 na unidade Jacarepaguá, que ocupa o sexto lugar na lista de escolas cariocas com as melhores médias no exame do MEC, e R$ 2.777 na unidade Centro, quarta colocada no ranking.

Estes valores estão muito acima do que os governos gastam com os estudantes na rede pública de ensino. Em 2011, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), o investimento público anual por aluno no ensino médio era de R$ 4.212, o que significava um gasto mensal de R$ 351. O valor, no entanto, vem crescendo. Em 2001, já considerando a inflação do período, o gasto no ensino médio por aluno era de R$ 1.557 (R$ 130 por mês).

Para ter os filhos estudando em determinados colégios, famílias que integram a elite econômica do Rio investem, por mês, mais do que um aluno do ensino público custa ao longo do ano. Na Escola Britânica, a mensalidade é de R$ 4,5 mil. A instituição ocupa a tímida 58ª colocação na relação do Enem no Estado do Rio, o que parece não ser motivo de preocupação por lá.

Os alunos estudam das 7h30m às 15h30m. Eles assistem a todas as disciplinas obrigatórias nos currículos pedagógicos brasileiro e britânico. Há aulas de música, teatro, informática, francês e espanhol. O inglês é o idioma oficial. Entre as atividades extracurriculares está o programa de debates, no qual o aluno participa de eventos para discutir atualidades e, assim, desenvolver sua capacidade de raciocínio e argumentação em público. O colégio também incentiva seus professores a fazer especializações, permitindo flexibilidade de horários e até, em alguns casos, pagando 100% dos custos de um mestrado, por exemplo.

— Caro é algo pelo qual você paga e não tem o retorno equivalente. Esta escola tem um valor alto, mas o investimento é justificado — afirma uma funcionária da Escola Britânica, que prefere não se identificar.

Filas para matricular crianças

Mesmo com preços altos, as escolas particulares de melhor reputação têm, todos os anos, filas de pais esperançosos de garantir uma vaga para seus filhos já no ensino fundamental. Este ano, o São Bento fez sorteio para preencher 108 vagas. Para cada uma, havia cerca de dez candidatos.

A fonoaudióloga Eveline Sampaio Meirelles mantém o filho Victor, de 16 anos, no Colégio Andrews desde a 1ª série do ensino fundamental. Ela diz que fez sua escolha por acreditar no projeto de ensino da instituição, mas arcar com as mensalidades não é fácil. Victor está indo para o 3° ano do ensino médio na escola, sétima melhor carioca no Enem 2012. A mensalidade custa R$ 2.140.

— Meu marido faleceu há um mês, e o valor cobrado no 3º ano consumiria boa parte do meu orçamento. Vou tentar uma bolsa — pondera Eveline. — É caro, mas não poderia ser muito diferente, diante da qualificação dos professores. Acredito que também pago pelo nome do colégio.

A analista de sistemas Luciani de Oliveira Freitas é mãe de Luísa, de 14 anos, que se prepara para ingressar no ensino médio do Santo Agostinho:

— Priorizo a educação e sempre desejei que minha filha estudasse num colégio tradicional, com bom desempenho em vestibulares. Sempre acompanhei rankings. Nas contas de casa, a mensalidade do colégio é prioridade. Caso precisasse fazer reajustes no orçamento, seria a última coisa em que mexeria.

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