23/02/2015

A corrupção é antiga no Brasil.

Charles Darwin já esteve no Brasil. Em seu diário de viagem durante a expedição no navio Beagle ele fala sobre a escravidão e a corrupção em nosso país. Confira:

"Os brasileiros, até onde vai minha capacidade de julgamento, possuem somente uma pequena quantia daquelas qualidades que dão dignidade à humanidade", escreveu em 3 de julho de 1832. "Ignorantes, covardes e indolentes ao extremo; hospitaleiros e bem-humorados enquanto isso não lhes causar problemas", completa. O que mais chocou Darwin em sua passagem pelo Brasil foi, sem dúvida, o tratamento dado aos negros. "O senhor Earl viu um pedaço de um membro, que se arrancou com um aparelho de tortura, e que não sem freqüência eles guardam em casa".

O horror à escravidão, segundo quem pesquisou as viagens de europeus ao Brasil do século 19, é uma constante. "A opinião de Darwin sobre os maus-tratos destinados aos escravos no Brasil não é propriamente uma exceção, pois vários outros viajantes estrangeiros que visitaram o Brasil ao longo do século 19 produziram testemunhos parecidos", afirma a historiadora Eneida Sela, doutora em História Social pela Unicamp e autora de uma pesquisa sobre os viajantes europeus ao Brasil do século 19. "

Para construir um de seus romances, Contra o Brasil, o escritor Diogo Mainardi pesquisou em bibliotecas européias tudo o que viajantes disseram sobre o país em séculos de história. O personagem central do livro, definido pelo autor como um "anti-Policarpo Quaresma", se especializa em citar os detratores do Brasil. E são muitos. "O tratamento dado aos negros, a falta de higiene e a corrupção são os três pontos que mais causavam indignação aos europeus", diz Mainardi.

Todos os itens estão presentes na obra de Darwin. A corrupção ganha destaque especial. "Não importa o tamanho das acusações que possam existir contra um homem de posses, é seguro que em pouco tempo ele estará livre. Todos aqui podem ser subornados", afirmou Darwin depois de seu período brasileiro.
Em outro texto, ele relata:
"Perto do Rio de Janeiro, minha vizinha da frente era uma velha senhora que tinha umas tarraxas com que esmagava os dedos de suas escravas. Em uma casa onde estive antes, um jovem criado mulato era, todos os dias e a todo momento, insultado, golpeado e perseguido com um furor capaz de desencorajar até o mais inferior dos animais. Vi como um garotinho de seis ou sete anos de idade foi golpeado na cabeça com um chicote (antes que eu pudesse intervir) porque me havia servido um copo de água um pouco turva… E essas são coisas feitas por homens que afirmam amar ao próximo como a si mesmos, que acreditam em Deus, e que rezam para que Sua vontade seja feita na terra! O sangue ferve em nossas veias e nosso coração bate mais forte, ao pensarmos que nós, ingleses, e nossos descendentes americanos, com seu jactancioso grito em favor da liberdade, fomos e somos culpados desse enorme crime."
(Charles Darwin, A Viagem do Beagle)


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