08/02/2015

Entenda o porque do fuzilamento do brasileiro, na Indonésia.

 Foi vender droga no lugar errado
Foi vender droga no lugar errado
O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, morreu, de alguma forma  por culpa dos crimes do Império Britânico num passado já remoto.
Moreira foi condenado à morte em 2014, depois de ter sido apanhado com 13,4 quilos de cocaína, ao tentar entrar na Indonésia. A droga estava escondida no interior de uma asa delta.
A Indonésia tem as penas mais duras para tráfico de drogas do mundo, e não é à toa.
É efeito das Guerras do Ópio, e aí é que entram os britânicos na história do brasileiro que foi fuzilado.
As Guerras do Ópio, ambas no século 19, são talvez o capítulo mais vergonhoso do imperialismo britânico.
A Inglaterra importava três produtos chineses em grande quantidade: seda, chá e porcelana. Os ingleses tinham um brutal déficit comercial com a China.
O que fazer?
A Inglaterra vivia a Revolução Industrial, e entendeu que poderia vender aos chineses uma série de quinquilharias. Um navio inglês, comandado por um certo Lorde MacCartney, foi mandado para a China com os produtos destinados a equilibrar a balança comercial dos dois países.
O problema é que os chineses não se interessaram por nada.
Foi quando entrou em cena o ópio. A Inglaterra, berço da civilização, começou a contrabandear para a China o ópio que produzia na Índia.
Foi um horror para a sociedade chinesa. São célebres as imagens de casas de ópio na China, em que as pessoas se consumiam num estado de letargia e alienação.
Obra dos ingleses
Obra dos ingleses
Num certo momento, o governo chinês impôs leis duras para o contrabando de ópio. Antes, o imperador mandou uma carta à Rainha Vitória na qual ponderava que era injusto o que a Inglaterra fazia.
Da China, recebia porcelana, chá e seda. Em troca, cobria os chineses de ópio, proibido na Inglaterra.
A rainha, se leu a carta, não se manifestou.
Diante das dificuldades que surgiram para o contrabando, a Inglaterra decidiu fazer uma guerra, em meados dos anos 1 800.
O pretexto era que a China estava ferindo os princípios do livre comércio.
A China não teve como enfrentar as forças inglesas, adestradas nas guerras napoleônicas.
E o ópio foi imposto.
Batidos, os chineses não tiveram o que fazer. Armaram, depois, uma resistência, e as coisas apenas pioraram.
Veio a Segunda Guerra do Ópio, na qual a Inglaterra praticamente destruiu a China. Tomou territórios como Hong Kong e, suprema bofetada, colocou no comando da alfândega chinesa um inglês.
É simplesmente extraordinário que a China, devastada, tenha conseguido se reconstruir e ser o que é hoje.
Os estudiosos atribuem esse milagre ao confucionismo, a cultura de alto conteúdo de sabedoria prática que domina a China.
A única vitória – não pequena, aliás – da China foi ter conseguido dar o nome de Guerras do Ópio aos horrores praticados pelos britânicos em nome do livre comércio.
Perpetuou-se, assim, a vergonha.
Países ao redor da China, como a Indonésia, foram duramente afetados pelas Guerras do Ópio. A Indonésia, no sudeste Asiático, era um dos portos de passagem para os navios ingleses abarrotados de ópio.
Como efeito colateral disso, a população nativa sofreu pesadamente os efeitos da droga. Os indonésios passaram a consumir ópio copiosamente.
As guerras passaram, mas o trauma ficou.
Na China, o tráfico de drogas é reprimido com penas severas. Na Indonésia, elas são ainda mais duras.
É dentro desse quadro que o brasileiro apanhado com cocaína foi fusilado.
Ele não poderia ter escolhido um lugar pior para contrabandear sua cocaína.
Na raiz das balas desse fusilamento, está o terror que o império britânico promoveu na Ásia no século XIX.

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