03/02/2015

Homossexuais partilham semelhanças genéticas, o que poderia sugerir que ser gay é motivado pelo DNA.



Mais de 20 anos após as declarações polêmicas, outros estudos reforçaram essa afirmação – e ainda acrescentaram outros possíveis genes como responsáveis pelas características de comportamento sexual.

Para os geneticistas evolutivos, a ideia de que a composição genética de uma pessoa afeta as suas preferências sexuais não é algo surpreendente. Relações homossexuais ocorrem no mundo animal o tempo todo. Provavelmente, muitos genes afetam a sexualidade e orientação sexual humana.

Mas ao invés de pensar neles como "genes gays", talvez devêssemos considerá-los como "genes da atratividade masculina". Esses genes poderiam estar presentes em homens gays, do mesmo modo que "genes da atratividade feminina" poderiam estar presentes em mulheres lésbicas.
Podemos detectar variações genéticas que produzem diferenças entre as pessoas por traços de rastreamento nas famílias.

Padrões de herança revelam variantes de genes (chamados "alelos") que afetam fatores como cor do cabelo, ou estados de doença como anemia falciforme.

Caracteres quantitativos, como a altura, são afetados por muitos genes diferentes, bem como fatores ambientais.

É difícil usar essas técnicas para detectar variantes genéticas associadas com a homossexualidade masculina (e também feminina), pois muitos homens gays preferem não ser assumidos sobre sua sexualidade. É ainda mais difícil porque os estudos de gêmeos mostram que os genes compartilhados são apenas parte da história; hormônios, a ordem de nascimento e o ambiente desempenham um papel influenciador também, segundo psicólogos.

Em 1993, o geneticista americano Dean Hamer estudou famílias, sugerindo que existia um gene específico no cromossomo X. Ele demonstrou que irmãos que eram abertamente gays compartilhavam uma pequena região na ponta do cromossomo X e propôs que existia um gene que predispusesse um homem para a homossexualidade.

As conclusões de Hamer foram extremamente controversas. Ele foi desafiado a todo momento por pessoas que não queriam aceitar que a homossexualidade é, pelo menos em parte, genética, ao invés de uma "opção de vida".

Na época o estudo era apoiado por gays que declaravam que "eu nasci assim" e repudiado por outros gays que diziam que tal pesquisa poderia "detectar" homens que não queriam assumir sua preferência sexual, mas estariam em risco caso um exame de sangue fosse inventado com essa técnica.

Estudos semelhantes produziram resultados contraditórios. Uma busca mais tarde encontrou associações com genes em três outros cromossomos.

Este ano, um estudo ainda maior com irmãos gays, utilizando os muitos marcadores genéticos já disponíveis através do Projeto Genoma Humano, confirmou a descoberta original e também detectou outro 'gene gay' no cromossomo 8. Isso desencadeou uma nova onda de comentários.

Por que existe tanta luta humana em não aceitar o "gene gay" quando sabemos que existem variantes genéticas que influenciam o acasalamento entre ratos masculinos e uma mutação em moscas de fruta que faz com que machos procurem outros machos em vez de fêmeas? A resposta parece extremamente complexa.

O quebra-cabeça não é se existem genes 'gays' em seres humanos, mas por que eles são tão comuns (estimativas sugerem que possa existir de 5 a 15% de homossexuais na população humana). Sabemos que os homens gays têm menos filhos, em média, por isso, não deveria estas variantes genéticas desaparecerem?

Existem várias teorias que explicam a alta frequência da homossexualidade. Uma década atrás, os cientistas se perguntavam se o tal "gene gay" fosse propagado, ocorreria diminuição da população e aumentaria as chances de descendentes, através da hereditariedade, onde o 'alelo gay' seria passado a diante.

Esta é uma situação bem conhecida (chamado "polimorfismo equilibrado'), em que um alelo é vantajoso em uma situação e não em outra. O caso clássico é a doença do sangue chamada anemia falciforme, o que pode levar à morte se você tem dois alelos, mas provoca resistência da malária se você tiver apenas um, tornando-se comum em regiões de malária.

Uma categoria especial é "genes sexualmente antagônicos", que aumentam a aptidão genética em um sexo, mas não no outro. Existem muitos exemplos em muitas espécies e, talvez, o "alelo gay" seja apenas mais um deles.

Um grupo italiano mostrou que mulheres que são parentes de homens gays têm 1,3 mais crianças comparado com mulheres com parentes masculinos héteros. Isso poderia ser a chave da Natureza para equilibrar e não permitir que o número de homossexuais seja tão grande que impeça o crescimento da população humana.

O tema é extremamente polêmico e novos dados serão acrescentados quando as pesquisas genéticas avançarem ainda mais.

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