02/03/2015

Astecas

Wikimedia Commons/Divulgação

Ruínas de Cantona, no México: a redução das chuvas 
ao longo de seis séculos tornou inviável viver na cidade

Por volta de 600 a.C., um povoado começou a tomar corpo onde, hoje, fica o estado de Puebla, no México. Longe das águas — localizava-se a 1,5 mil metros acima do nível do mar —, estava, porém, perto de montanhas e rochas vulcânicas, uma fonte inesgotável da pedra obsidiana. Graças a esse recurso natural abundante, usado para confecção de panelas a armas, o vilarejo cresceu, enriqueceu e se tornou uma das maiores e mais prósperas cidades da América Central no período pré-colombiano. Cantona (Casa do Sol, em asteca) tinha 12km², abrigava praças, alamedas, avenidas, campos de jogos e, em seu apogeu, foi o lar de 90 mil pessoas. Mas, de repente, tudo isso acabou.

Assim como outras cidades mesoamericanas, ela entrou em colapso. Entre 900 d.C. e 1050 d.C., as ricas e sólidas construções foram abandonadas. O que havia sido, por séculos, uma importante rota comercial e centro de poderio militar se transformou em ruínas. O mistério de Cantona persistiu ao longo de todo esse tempo. Até que pesquisadores da Universidade da Califórnia em Bekerley (EUA) investigarem, pela primeira vez, as razões por trás do abandono. Depois de quase oito anos de estudos geológicos e geográficos, eles concluíram que a Casa do Sol foi vítima das mudanças climáticas.

A 160km das ruínas de Cantona, há um lago de onde os pesquisadores extraíram informações sobre o clima da região no passado. A análise dos sedimentos permite identificar os períodos de seca extrema, e ela mostrou que, durante 650 anos, a cidade sofreu com uma longa estiagem. De 600 d.C. a 1150 d.C, os cantoneses pouco viram a chuva cair. De acordo com Tripti Bhattacharya, estudante de graduação da universidade e principal autora do estudo, o fenômeno fez parte de um padrão climático que castigou o México há cerca de 2,2 mil anos, por volta de 200 a.C. O clima voltou a ficar úmido em 1.300 d.C, pouco antes da ascensão do império asteca. "O declínio de Cantona ocorreu durante esse intervalo seco, e nós concluímos que as mudanças climáticas desempenharam um papel nisso, pelo menos para selar o fim da existência da cidade", aposta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário