13/03/2016

Manifestações no Brasil.


Manifestantes tomam a avenida Paulista no quinto grande ato contra Dilma
 MANIFESTANTES TOMAM A AVENIDA PAULISTA NO QUINTO GRANDE ATO CONTRA DILMA E O PT

Centenas de cidades do Brasil realizaram neste domingo (13) o quinto grande ato contra o governo Dilma Rousseff desde que a presidente tomou posse, em janeiro de 2015.
Foi o maior deles, pelo menos em São Paulo, segundo o Datafolha. Contagem parcial divulgada à tarde registrou cerca de 450 mil pessoas na avenida Paulista por volta de 16 horas. Segundo o instituto, é a maior manifestação realizada na cidade, superando até o movimento das Diretas Já em 1984.
Algumas coisas se repetiram, como as camisas da seleção brasileira de futebol, os selfies com policiais militares, os bonecos representando Lula como presidiário e Dilma com cara satânica, além do apoio ao juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. O contexto em relação aos atos anteriores, porém, é muito diferente. A saber:

Lava Jato perto do poder e o pedido do Ministério Público para prender Lula#

O protesto ocorreu dias depois de a Operação Lava Jato anunciar que Lula era investigado no escândalo da Petrobras e obrigá-lo a depor para esclarecer suas relações com empreiteiras. Além disso, depoimentos de delação premiada do senador petista Delcídio do Amaral ainda não homologados pela Justiça foram tornados públicos, com acusações diretas a Dilma e Lula. Houve ainda o pedido de prisão preventiva de Lula feito pelo Ministério Público paulista que, apesar de criticado até pela oposição, animou setores antipetistas mais radicais.

Grupo segura faixa com foto do juiz Sérgio Moro
 EM BRASÍLIA, GRUPO SEGURA FAIXA COM FOTO DO JUIZ SÉRGIO MORO, DA LAVA JATO


“Importante que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem exceção, na própria carne”
Sérgio Moro

juiz da Operação Lava Jato, em nota divulgada à tarde. Ele foi exaltado como herói nas manifestações e se disse ‘tocado’

Envolvimento claro dos partidos de oposição e seus líderes#

Apesar de também ter integrantes citados na Lava Jato, o PSDB decidiu agir claramente nestas manifestações. Não só convocou militantes como teve, de forma inédita, seu presidente nacional, o senador Aécio Neves, participando dos atos. Primeiro, em Belo Horizonte. Depois Aécio foi para São Paulo, onde se colocou ao lado do governador Geraldo Alckmin (outro tucano que almeja a Presidência da República) num pronunciamento feito na sede da administração estadual. A dupla então se dirigiu para o protesto da avenida Paulista, onde não foi bem recebida. “Você sabe que também é ladrão”, disse um manifestante ao ser cumprimentado por Aécio, segundo relato do jornal “Folha de S.Paulo”.
“O Brasil vive uma crise sem precedentes. Cabe ao Congresso dar rumo para o país avançar”
Geraldo Alckmin
Governador de São Paulo em pronunciamento no Palácio dos Bandeirantes, antes de ir à Paulista, ao lado de Aécio Neves

Entidades empresariais e de classe também fizeram convocação

Além da Fiesp (Federação das  Indústrias de São Paulo), que já vinha apoiando os atos anti-Dilma, outros setores aderiram à convocação, como a associação comercial e o sindicato que representa empresas do setor imobiliário. A rede de alimentação Habib’s chegou a lançar materiais publicitários com os dizeres “Fome de Mudança”, chamando os clientes a participar dos protestos. Entidades de classe, como a Associação Médica Brasileira, publicaram anúncios em jornais criticando duramente o governo e convidando “pacientes e amigos” para ir às ruas.

Manifestantes seguram cartazes da campanha do Habib's
 MANIFESTANTES SEGURAM CARTAZES DA CAMPANHA DO HABIB'S

País não reage à crise e recessão se aprofunda#

A crise política que se desenrola desde o início do segundo mandato de Dilma acaba por influenciar a economia, que já está deteriorada. O país está em recessão técnica desde a primeira metade de 2014, os indicadores pioram (o desemprego deve chegar a 11,5%) e o governo não consegue reagir. Medidas do ajuste fiscal ainda patinam, assim como mudanças estruturais, como a Reforma da Previdência. Dessa forma, a pressão sobre Dilma aumenta proporcionalmente ao tempo de duração da crise.

O contexto também é outro para os petistas e seus aliados

Há uma característica diferente nestes protestos de 13 de março de 2016 também no que se refere aos petistas e seus aliados. Muito em razão das últimas iniciativas da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, e do Ministério Público paulista.
A Lava Jato, a partir de determinação do juiz Sérgio Moro, obrigou Lula a depor. A medida foi criticada por especialistas do Direito. Em seguida, o ex-presidente fez um pronunciamento direcionado a militantes no qual afirmou que não iria baixar a cabeça para a operação. Se disse atacado pessoalmente e prometeu correr o país, numa espécie de preparação para uma eventual candidatura à Presidência em 2018.
O pedido de prisão formulado pelo Ministério Público paulista (numa investigação paralela à Lava Jato), em razão das ligações de Lula com um tríplex em Guarujá, reforçou o discurso do PT de que o ex-presidente é vítima de perseguição. O pedido de prisão se sustentava no argumento de que Lula seria um perigo à “ordem pública” em razão de sua reação política à Lava Jato
A militância se mobilizou e tem realizado atos de apoio ao ex-presidente. Neste domingo de manifestações anti-PT, um grupo se reuniu em frente ao prédio onde Lula mora em São Bernardo do Campo. O ex-presidente desceu para confraternizar com os apoiadores.
Na próxima sexta-feira (18), movimentos sociais e sindicatos realizarão manifestações nacionais em apoio ao ex-presidente e contra aquilo que chamam de golpe contra o atual governo.
Segundo petistas e apoiadores, a baixa popularidade de Dilma (12% de ótimo ou bom segundo o último Datafolha) não é motivo para remover um governo eleito de forma democrática.

Adesão aos protestos anti-Dilma


MARÇO DE 2016
  • público em São Paulo: 450 mil, segundo o Datafolha
  • bandeiras: saída de Dilma, apoio à Lava Jato e prisão de Lula
DEZEMBRO DE 2015
  • público em São Paulo: 40 mil, segundo o Datafolha
  • bandeiras: aprovação do pedido de impeachment
AGOSTO DE 2015
  • público em São Paulo: 135 mil, segundo o Datafolha
  • bandeiras: saída de Dilma, críticas a Lula e ao PT
ABRIL DE 2015
  • público em São Paulo: 100 mil, segundo o Datafolha
  • bandeiras: “Fora Dilma” e fim da corrupção
MARÇO DE 2015
  • público em São Paulo: 210 mil, segundo o Datafolha
  • bandeiras: coro antipetista e fim da corrupção
  • Fonte :.Nexojornal

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