10/06/2014

Cientistas alteram células-tronco para resistirem ao HIV.



Um grupo de hematologistas acaba de dar mais um passo na luta contra o HIV. A partir do uso de células-tronco, os pesquisadores projetaram um glóbulo branco especial, resistente ao vírus. Os resultados foram divulgados na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences.

A equipe de cientistas é liderada por Yuet Wai Kan, da Universidade da Califórnia, ex-presidente da Sociedade Americana de Hematologia. Segundo a Wired, o glóbulo branco que eles tinham a intenção de transformar era o T — uma célula responsável pelo envio de sinais para outras do sistema imune, muito atingida pelo HIV.

Ao contar células desse tipo em um milímetro cúbico de sangue, médicos identificam em pacientes sadios entre 500 e 1.500 células/mm3 (que é a faixa normal). Se elas caem abaixo de 250, é sinal de que o HIV se apoderou do sistema e está utilizando as células como um ponto de entrada.
O vírus promove a invasão se anexando a uma proteína na superfície das células T, conhecida como CCR5. Se essa proteína é alterada, possui chances de bloquear a entrada do HIV. Um número pequeno da população tem essa alteração naturalmente e são imunes ao HIV.

Pesquisadores já tentaram reproduzir a resistência a partir do transplante de células-tronco de indivíduos com a mutação. Mas o processo é difícil. Até hoje, Timothy Ray Brown, que ficou conhecido como "o paciente de Berlim", foi o único curado pelo tratamento.

O que a equipe californiana esperava era ir direto ao cerne do problema e replicar artificialmente a mutação da CCR5. E Kan, que tem trabalhado há anos com informação genética, diz que o procedimento é possível. Ele e sua equipe alteraram células-tronco para introduzir uma ruptura no genoma, que imita a mutação humano.

Os cientistas acabaram criando glóbulos brancos resistentes ao HIV, mas que não eram células T. Louis Picker, do Vaccine and Gene Therapy Institute da Oregon Health and Science University, mostrou-se cautelosamente esperançoso em relação à descoberta. "É uma ideia antiga, com uma extensa bibliografia, que está sendo atualizada neste trabalho com o uso de uma nova tecnologia, que o torna muito mais fácil modificar os genes humanos", disse à Wired.

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