Cientistas americanos desenvolveram um medicamento que pode ajudar na reparação de lesões e na restauração da função da medula espinal, avança um estudo publicado na revista científica Nature.
Quando ocorre uma lesão no sistema nervoso central, as moléculas conhecidas como proteoglicanos acumulam-se no tecido da cicatriz, no local da lesão e na rede perineuronal (PNN), resultando na formação de uma enorme barreira que impede a regeneração e o estabelecimento de novas ligações nervosas.
Na tentativa de contrariar esta situação, os investigadores da Case Western Reserve, nos Estados Unidos da América, criaram um composto chamado peptídeo sigma intracelular (ISP, sigla em inglês) que permitiu a ativação dos músculos paralisados, incluindo os envolvidos na micção e movimentação, de mais de 80 por cento dos 26 ratinhos testados.
Os cientistas desenharam o peptídeo ISP para desativar o recetor do proteoglicano nos neurónios e adicionaram um transportador para enviar o peptídeo através do sistema nervoso central e das membranas celulares. Desta forma, o ISP consegue penetrar nas membranas, incluindo no local danificado coberto de tecido cicatricial, o que permite que possa ser administrado sistemicamente em vez de diretamente na espinal medula.
Para este estudo, os investigadores administraram injeções diárias, durante sete semanas, a 26 ratinhos com lesões severas na espinal medula, avaliando ao longo desse tempo a sua capacidade de andar, de se equilibrar e controlar a urina. No final, a investigação mostrou que 21 dos 26 animais recuperaram uma ou mais das funções logo após o início do tratamento, sendo que alguns animais conseguiram recuperar as três funções e outros uma ou duas.
Para Jerry Silver, um dos autores do estudo, esta é uma descoberta sem precedentes. "Para qualquer paciente com lesão da medula espinal seria considerado extraordinário a recuperação de pelo menos uma destas funções, especialmente a função urinária", revelou em comunicado de imprensa.
De acordo com o investigador, o ISP tem o potencial de tratar doenças onde o organismo produz cicatrizes destrutivas, como por exemplo, no enfarte agudo do miocárdio ou esclerose múltipla.
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