08/06/2016

Câmeras filmam taxista jogando ovo em carro do Uber na rodoviária do Rio

Carro foi atingido na parte interna por ovos jogados por taxistas (Foto: Arquivo pessoal)

Em imagens exclusivas obtidas pelo RJTV, um taxista é flagrado jogando um ovo num carro do aplicativo Uber. Na gravação, um homem com uma camiseta verde passa o ovo para um amigo. Eles tentam disfarçar, mas um deles pega e atira o ovo em um carro que passava no desembarque da Rodoviária Novo Rio, Região Portuária da cidade. Em seguida, o motorista do veículo atingido corre atrás do homem que jogou o ovo e eles brigam dentro do terminal rodoviário.
É mais um episódio de agressão de contra carros cadastrados no aplicativo. Como mostrou oG1 nesta terça-feira (8), às vezes, os ataques dos taxistas chegam a ser direcionados a motoristas que não trabalham no Uber.
Foi o que ocorreu na segunda-feira (6), quando uma mulher relatou ter sido xingada de "vagabunda e piranha", além de outras ofensas, por taxistas que acreditavam que ela esperava um carro do aplicativo. O namorado dela também foi ameaçado.
Mas não foi só. Além de ser hostilizada,  a mulher contou que teve dificuldades ao tentar registrar o caso na 4ª DP (São Cristóvão), a mais próxima da Rodoviária. Sobre isso, a Polícia Civil informou que soube do atendimento insatisfatório e que o relato da vítima foi encaminhado à Central de Atendimento ao Cidadão (CAC). 
Na nota enviada pela instituição, foi informado que "em razão da gravidade dos fatos, a Corregedoria Interna da Polícia Civil foi acionada e, atendendo recomendação da chefia de polícia, instaurará procedimento e adotará de forma imediata as medidas necessárias para o esclarecimento dos fatos".
O ataque
Segundo a vítima, os problemas já começaram na abordagem dos taxistas para tentar convencê-la a embarcar em um dos táxis, no desembarque da Rodoviária Novo Rio, por volta das 4h45. "Eu recusei e disse que estava esperando meu namorado", conta ela.
Um dos taxistas, então, segundo ela, começou a gritar achando que eu estava esperando um carro do aplicativo. "Ele disse 'Sua vagabunda, você é uma criminosa porque eles são ilegais'. Na hora eu não entendi, eu nem tenho o aplicativo Uber", conta ela.
Os taxistas, então, teriam formado uma roda e começado a xingá-la em grupo. Os insultos não pararam nem quando ela exigiu respeito.

"Quando ele começou a me xingar, eu falei ‘o senhor me respeita, porque eu sou uma mulher e o senhor tem uma mãe. O senhor não gostaria que ela fosse tratada assim’. Eles ficavam falando o tempo todo ‘o uber é criminoso’. Neste momento foram juntando vários taxistas, não tinha segurança nem nada ali perto e estava tarde. Eles falaram que eu precisava dar uma transadinha, que o meu problema era sexo, ficaram me agredindo verbalmente. Eu me senti coagida naquele lugar. Eles me chamaram de vagabunda, piranha, daí para baixo”

Ao chegar, o namorado, que estava de carro, também foi ameaçado pelos taxistas, segundo a vítima, que saiu correndo para dentro do veículo. "Nesse momento, eles começaram a jogar ovos quando eu estava entrando no carro. Um atingiu o meu olho esquerdo e um no pescoço do meu namorado. Sem falar dos outros que atingiram dentro e fora do carro”, relata.
Descaso na delegacia
"Mas eu insisti porque houve, pelo menos, uma agressão verbal. Eu perguntei se não podia ir uma viatura no local para identificar os homens e eles alegaram que não tinha nome, nem placa de carro dos suspeitos. Eu perguntei se não tinha alguém para voltar comigo no local, ele falou que o amigo dele estava descansando e ele não poderia sair. Eu tentei de todas as maneiras solucionar o caso. Ele falou que mesmo que reconheça os elementos, eles só vão pagar uma cesta básica. Eu não quero ganhar processo ou ser indenizada, só quero que eles sejam punidos”, garantiu ela.
Em e-mail da Polícia Civil, do projeto de Delegacia de Dedicação Integral ao Cidadão (Dedic), um outro inspetor, diferente do que atendeu a vítima e o namorado na 4ª DP, afirma que verificou "a impossibilidade de realizar qualquer diligência eficaz no sentido de se identificar autor do fato, em razão da vagueza ou indeterminação de alguns de seus dados essenciais para as investigações contidas no registro inicial. Suspenda-se concluindo ausência de indícios de autoria", diz o documento.

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